A oposição escolheu palavras como "desastre", "falhar" e "romper" com as promessas feitas em campanha eleitoral para caracterizar os primeiros 100 dias de Governo da coligação PSD/CDS-PP, que se assinalam na quarta-feira.
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O PS reafirma os "três I"s" para sistematizar as críticas: injustiça social, incumprimento eleitoral e insensibilidade social.
Justificando a injustiça social, João Ribeiro, do secretariado nacional dos socialistas, censurou a falta de taxas sobre quem "vive dos rendimentos de capital".
Sobre o incumprimento eleitoral, o socialista indicou a retirada de parte do subsídio de Natal, a falta de "cortes visíveis e sérios" na despesa e o "'flop' e acção de marketing" do programa de emergência social. "Tentam com o programa de emergência social e medidas avulsas dizer que também olham para as pessoas em resposta clara ao congresso do PS, mas entendemos que talvez olhem, mas não as vêem", argumentou.
O terceiro 'I' é exemplificado por João Ribeiro pelo "caos na colocação dos professores", os "planos de precarização laboral" e a "instabilidade" entre funcionários públicos.
Pelo PCP, Jorge Pires garantiu que as políticas do Executivo estão a conduzir o país ao "desastre".
"Cada dia que passa o país afunda-se cada vez mais numa crise profunda económica e social sem precedentes. São 100 dias marcados por um ataque muito agressivo contra os rendimentos das famílias", disse à Lusa. O membro da comissão política do PCP citou como exemplos a "desvalorização salarial, o corte em 50% do 13º mês e o aumento de impostos directos e indirectos". A subida nas tarifas da electricidade, do gás e dos transportes é incluída no balanço negativo dos comunistas, tal com o "ataque aos direitos constitucionais dos portugueses", nas áreas da Saúde e Ensino.
Pedro Filipe Soares, do Bloco Esquerda, referiu que a governação tem mostrado o "romper da palavra dada" em campanha eleitoral. "Pedro Passos Coelho percorreu o país dizendo que não ia aumentar impostos e que a carga fiscal em Portugal era superior àquela que devia existir e falhou nessa promessa", criticou.
O bloquista notou ainda que em campanha se referiu que estava "bem estudada a redução da Taxa Social Única" e que agora se percebeu que "não estava (estudada) e nem sequer depois da apresentação de um relatório do Banco de Portugal" foi aplicada. O "eclodir dos buracos financeiros" da Madeira foi dado como outro exemplo da "quebra por parte do rigor e da transparência" prometidos.
A deputada do Partido Os Verdes, Heloísa Apolónia, fez um balanço "extremamente negativo" do Governo que "começou mal, ao começar com uma contradição absoluta sobre algumas questões sobre as quais se tinha comprometido na campanha eleitoral".
"Ou seja iludiu os portugueses e já estamos um bocadinho fartos de que cada um que chega ao Governo entenda que as circunstâncias são muito mais graves do que o que podiam imaginar", acusou. A deputada do partido ecologista acusou ainda o primeiro-ministro de seguir políticas que levam o país a "um caminho para um falhanço".