O primeiro-ministro afirmou esta sexta-feira que o Governo nunca poderia ter como objectivo empobrecer Portugal e que só terá cumprido o seu programa quando a economia portuguesa estiver numa "trajectória de crescimento sustentável".
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"O nosso objectivo não é, nem nunca poderia ser, o ajustamento do nosso nível de vida aos valores muito pobres do crescimento económico na última década. Bem pelo contrário", declarou Passos Coelho, no encerramento do Congresso da Ordem dos Economistas, no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), em Lisboa.
"Só teremos cumprido o nosso programa quando tivermos colocado a economia portuguesa numa trajectória de crescimento sustentável e com oportunidades abertas a todos", completou o primeiro-ministro.
Na sua intervenção, Passos Coelho reiterou que o Governo PSD/CDS-PP ambiciona fazer uma "reforma estrutural da economia" portuguesa, considerando que "chegou à altura de mudar as coisas".
Segundo o primeiro-ministro, em matéria de "eliminação dos bloqueios" da economia portuguesa, o executivo sempre disse querer "ir mais longe do que o programa de assistência" a Portugal: "Temos um ponto de partida, com as metas mais urgentes e mais evidentes, mas somos mais ambiciosos e queremos rivalizar com os nossos parceiros internacionais no desenvolvimento de soluções para adaptar as nossas políticas e instituições aos novos desafios económicos".
Passos Coelho criticou "as políticas de crescimento" adoptadas "no passado recente", considerando-as "demasiado superficiais no alcance e na visão que incorporavam" e alegando que "os resultados serão sempre decepcionantes se continuarmos a oferecer estímulos artificiais à actividade económica" sem tratar dos seus "bloqueios e distorções".
E apontou o mercado laboral, o mercado de arrendamento, a concorrência, as leis e os procedimentos judiciais, o ensino e as relações entre as universidades e as empresas como outros "pontos cruciais" da "agenda de transformação estrutural" da economia portuguesa.
"Aquilo que parecem benefícios, prémios e vantagens são na realidade custos pesados para o conjunto da economia e da sociedade. Não podemos ignorar que muitos dos nossos problemas económicos têm uma origem política. Demasiadas vezes colocámos um grupo contra outro, incentivámos um jogo de interesses que prejudica todos. Chegou a altura de mudar as coisas", defendeu.