O bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, disse, esta sexta-feira, discordar das declarações feitas por Otelo Saraiva de Carvalho a propósito das manifestações de militares mas sublinhou que a opinião "não é crime".
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"Acho que não há crime nenhum, é uma opinião de uma pessoa, de um cidadão português, deve ser respeitada. Mesmo não concordando deve ser respeitada", disse hoje à agência Lusa Marinho Pinto.
Disse que a ideia de que se emite uma opinião e aparecem logo processos crime e inquéritos "é castradora, é uma cultura de proibição, uma cultura que não convive bem com a liberdade".
Em declarações à agência Lusa quarta feira a propósito da manifestação dos militares convocada para sábado em Lisboa, Otelo afirmou: "Para mim, a manifestação dos militares deve ser, ultrapassados os limites, fazer uma operação militar e derrubar o Governo".
Segundo Marinho Pinto, Otelo Saraiva de Carvalho "não está a fazer nenhum apelo" a uma eventual revolta das Forças Armadas mas sustenta que o coronel na reserva "está profundamente errado", manifestando-se "contra a ideia de que haja condições para golpes militares".
"Acho que isso passou à história, felizmente, não se vislumbram no horizonte mudanças que tragam esses medos do passado", sublinhou.
"Isso [um golpe militar] não vai acontecer. Os nossos militares são pessoas que têm dado provas de um sentido de dignidade que devia ser exemplo para as outras funções de Estado, a começar pelos nossos governantes, pelos nossos parlamentares, pelos nossos magistrados", defendeu o Bastonário da OA.