
Bancários manifestaram-se este sábado
PATRICK BAZ/AFP
O governo de Chipre e a 'troika' não chegaram a acordo sobre os termos do resgate financeiro ao país.
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As negociações prosseguirão este domingo em Bruxelas, incluindo um encontro entre o Presidente de Chipre e a diretora do FMI.
"As negociações estão num momento muito delicado. A situação é muito difícil e as margens muito pequenas", afirmou em comunicado o porta-voz do governo de Chipre, Jristos Stilianidis.
A fim de "continuar as negociações para a conclusão do acordo de empréstimo para resgate da economía", o presidente Nikos Anastasiadis viajará para Bruxelas ao inicio da manhã de domingo, refere o comunicado.
A equipa negocial cipriota incluí ainda o ministro da Economia, Mijalis Sarris, o líder do partido conservador, Averof Neofitu, entre outros altos responsáveis do governo e do banco central.
Em Bruxelas, para onde voa pouco depois das 7 da manhã, o presidente cipriota terá reuniões com as autoridades europeias e com a diretora do FMI, Christine Lagarde, antes de participar na reunião do Eurogrupo, prevista para as 18:00, hora de Lisboa.
As longas negociações entre as autoridades de Nicosia e a 'troika' formada pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional (FMI) terminaram já depois da meia-noite na capital cipriota.
Segundo a imprensa, o acordo foi impedido por novas exigências apresentadas pelo FMI.
No intervalo das reuniões um alto responsável cipriota foi citado pela agência de notícias de Chipre, CNA, dizendo que as negociações não estão "nem de perto nem de longe fechadas", salientando que "a representante do FMI apresenta novas exigências a cada meia hora".
A agência grega AMNA e outros meios de comunicação social cipriotas avançaram que o governo do Chipre acordou com a 'troika' impor uma taxa de 4% a 20% sobre os depósitos bancários superiores a 100 mil euros.
A taxa de 20%, segundo fonte próxima das negociações citada pela AMNA, recai sobre os depósitos acima de 100 mil euros no Cyprus Bank, o maior banco cipriota -- para as restantes entidades financeiras, a taxa será de 4%.
Com a taxa do Cyprus Bank pretende-se evitar uma reestruturação semelhante à que está prevista para o segundo maior banco, o Laiki Bank, cujas operações viáveis
O objetivo do chamado "plano B", é reunir os 5,8 mil milhões de euros a 7 mil milhões que exigem a troika e credores internacionais para a concessão de um plano de resgate de 10 mil milhões de euros.
O comissário europeu para os Assuntos Económicos e Monetários, Olli Rehn, afirmou hoje que "só restam opções difíceis" a Chipre e que é "essencial" que um acordo sobre o plano de resgate financeiro no domingo.
"Infelizmente, os acontecimentos dos últimos dias levaram a uma situação em que já não há soluções ótimas disponíveis. Hoje, só restam escolhas difíceis", afirma Rhen em comunicado hoje divulgado.
Em entrevista ao jornal alemão Welt am Sonntag, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, avisa hoje Chipre de que a sua permanência na zona euro depende dum plano de resgate, que evite a bancarrota.
"Os países da zona euro querem ajudar Chipre, mas as regras devem ser respeitadas, a ajuda deve ser pertinente e o programa deve atacar a raiz dos problemas", afirma o ministro de Angela Merkel.
Segundo Schauble, a União Europeia "nunca quis penalizar os depositantes" cipriotas, e, tal como o FMI, defendia que "se os dois principais bancos já não têm um modelo viável, as perdas devem ser assumidas pelos seus accionistas".
"Mas os responsáveis (cipriotas) não queriam sequer ouvir falar disso (...). Os responsáveis devem dizer a verdade à sua população", adiantou.
