Queria vender filho a casal de emigrantes por 125 mil euros para curar a filha
Para curar a doença da filha e para fugir da miséria, Lídia planeou vender Daniel a um casal de emigrantes por 125 mil euros. Antes de ser presa, chegou a confessar pormenores ao namorado, que falou ao JN.
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Depois de ter saído da PJ, quando ainda não tinha sido detida, Lídia regressou para junto do namorado, que também tinha sido ouvido pelos inspetores, e confessou-lhe que cinco meses antes, em janeiro, ia vender a criança por 125 mil euros. O dinheiro era para pagar a cura da filha, vítima de graves problemas cardíacos.
"Disse-me que o pai estava ciente de tudo. Que queriam vender o Daniel para ter dinheiro para curar a irmã dele, a Mariana. Depois, até faziam outro filho. Não me explicou quem ia comprar. Só me disse que ia entregar o menino a um homem do Estreito da Calheta, conhecido como Manuel "Frizado". Também não disse quem ficou com a criança nos três dias", explicou, ontem, ao JN, Roberto Carlos Sousa, o novo namorado de Lídia, que garantiu desconhecer o plano.
A reviravolta no caso Daniel que esteve três dias desaparecido em janeiro, na Calheta, na Madeira, foi possível graças a uma queixa por violência doméstica de Lídia, contra Carlos, o pai, que permitiu à PJ realizar novas inquirições.
"Começámos a namorar há cerca de um mês e não há um ano, como muita gente anda a dizer. Só soube do crime no dia em que fomos à PJ. Isto foi uma surpresa", explicou Roberto, que foi ontem informado de que Lídia está novamente grávida. "Não devo ser eu o pai. Nem sabia que estava grávida", garantiu.
Até agora, Lídia tem tido um discurso confuso. Disse que queria vender o filho a um casal abastado de madeirenses emigrados na América do Sul, mas depois afirmou que o destino era Inglaterra. O certo é que queria vender a criança e que estava convencida que era para um casal de emigrantes. Só o intermediário poderá esclarecer o resto.
Depois de ter abandonado o marido, Lídia assumiu a relação com Roberto e foi viver, com os dois filhos, para a casa do padrinho do novo namorado, na zona de Prazeres. Nessa altura, fez-lhe uma proposta. "Perguntou-me se queria emigrar para a ilha inglesa de Jersey. Não sei de onde é que lhe saiu essa ideia, mas demovi-a. Era complicado emigrar com dois menores, sem a autorização do pai", explicou Roberto, que está convencido da cumplicidade de Carlos Sousa, o pai de Daniel. "Ele só a denunciou porque não aguentava ver a Lídia com outro homem. Mas sabia de tudo", diz Roberto.
*COM MARISA RODRIGUES