
Global Imagens
Não é desta vez que os políticos vão ter sossego no verão. É certo que já não passarão as férias atormentados pelas temíveis visitas da troika, pelo rescaldo da demissão "irrevogável" de Paulo Portas e pelas eleições autárquicas, ou pela crise do BES e as primárias no PS.
Porém, no regresso destas últimas férias da legislatura, estará em jogo a luta pelo poder, com a campanha para as legislativas. A maioria aproveitará, por isso, para recuperar forças nas praias algarvias, mas já com algum trabalho de casa feito, o que obrigou alguns líderes partidários a adiar os planos ou a encurtar as férias.
O primeiro-ministro planeia aproveitar a tradicional Festa do Pontal, que se realiza na marginal de Quarteira no próximo dia 15, para ficar pelo Algarve. Passará alguns dias na Manta Rota e poderá até encurtar as férias devido à campanha.
As legislativas trocaram, aliás, as voltas ao vice-primeiro-ministro Paulo Portas, que ontem ainda não adiantava a data e o destino de veraneio. Vai descansar "uns dias em agosto", disse a assessoria. Provavelmente no início do mês, para assumir de novo a chefia do Governo quando o líder do PSD for de férias. O presidente do CDS-PP esteve a finalizar as listas da coligação e ainda queria realizar alguns preparativos de campanha.
Também o secretário-geral do PS, António Costa, adiou os planos. Já era para ter iniciado o seu descanso, mas, segundo os assessores, "tem tido muito trabalho". Há um ano, estava a braços com as primárias que tiraram a liderança a António José Seguro. Agora, espera chegar ao comando do Governo, que ele próprio já chefiou quando, em agosto de 2005, ficou a presidir à reunião do Conselho de Ministros durante as férias do então primeiro-ministro, José Sócrates, que saiu do país para um safari com os filhos no Quénia.
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, descansa nas próximas semanas no Sul do país, e a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, estará entre amanhã e dia 15 de férias com a família, "cá dentro". Quem também goza férias na primeira quinzena de agosto é o presidente da República, Cavaco Silva, na habitual casa de férias da Praia da Coelha, em Albufeira.
Já a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, que decidiu fazer uma pausa na sua vida política, vai gozar férias entre agosto e setembro, e irá reparti-las por Chaves, Lisboa e o Algarve.
Para fora cá dentro
Férias cá dentro parece ser, mais uma vez, a regra dos políticos no que toca ao verão, em vésperas de eleições e quando sabem que os sacrifícios pedidos aos portugueses vão marcar a campanha. Já no ano passado assim foi, antes de novos cortes. Portugal é, pelo menos, o destino apontado por todos aqueles que aceitaram falar do seu local de férias.
Muitos ministros voltarão por pouco tempo porque não entram nas listas. E aqueles que são candidatos a deputados terão de esperar pelo veredicto dos portugueses para saber se continuam após 4 de outubro. É o caso do ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, que volta a ser cabeça de lista às legislativas pelo distrito do Porto. Aguiar-Branco vai descansar durante a primeira quinzena de agosto e estará, segundo a assessoria, entre Lisboa e Algarve.
As praias algarvias são também o destino de férias da ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, onde passará 10 dias no próximo mês. O ministro da Economia, Pires de Lima, também goza 10 dias de férias em agosto.
Rui Machete, ministro dos Negócios Estrangeiros, repete um destino com 40 anos e escolhe fazer férias no próximo mês em São Martinho do Porto.
Quem já foi de férias foi a ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, entre 20 e 31 de julho, enquanto a nova ministra da Administração Interna, Anabela Rodrigues, que substituiu Miguel Macedo após a sua demissão na sequência dos vistos gold, não tenciona gozar férias nos meses de julho e agosto, assegurou a assessoria.
