Paula Teixeira da Cruz fala em "usurpação eleitoral" e acena com "novo resgate"

Paula Teixeira da Cruz
MIGUEL A. LOPES/LUSA
A deputada social-democrata Paula Teixeira da Cruz acusou esta segunda-feira a oposição de "usurpação eleitoral" e sustentou que a formação de um executivo do PS apoiado por BE, PCP e PEV poderá conduzir a um "novo resgate".
Numa intervenção em nome do PSD, no debate do Programa do Governo, no parlamento, a ex-ministra da Justiça alegou que a perspetiva de formação desse executivo já está a ter consequências: "São já visíveis esses sinais, na subida dos juros, na bolsa, no investimento".
Perante risos nas bancadas da oposição, Paula Teixeira da Cruz afirmou: "Riam, riam, senhores deputados, que depois vão chorar".
No seu discurso, a deputada do PSD deixou uma mensagem para todos os deputados relativa à votação das moções de rejeição ao Programa do Governo, na terça-feira: "Devem votar em consciência, de acordo com o mandato que lhes foi dado - naturalmente, para aqueles que ainda a têm".
Paula Teixeira da Cruz utilizou expressões como "usurpação eleitoral" e "caminhada trôpega para o poder" para qualificar o derrube do Governo PSD/CDS-PP prometido pelos quatro maiores partidos da oposição e a preparação de um executivo alternativo.
"Será um ato de enorme irresponsabilidade" e "um primeiro e fatal passo para a radicalização do país que a enorme maioria dos portugueses recusa", considerou, falando também em "negociata política", em "manipulação entre direções de partidos" e num "atropelo às regras" da democracia.
Por outro lado, a deputada do PSD alegou que "esta fação do PS perdeu as referências" e questionou a solidez do entendimento entre socialistas, bloquistas e comunistas: "Esses três partidos estão eles próprios partidos por dentro. Que solução de estabilidade nos querem, então, apresentar?".
A ex-ministra da Justiça referiu que se aproxima "o 25 de Novembro, que completou o 25 de Abril e amarrou firmemente Portugal à democracia".
Depois, alegou que "está de novo em jogo" uma tentativa de "apropriação do poder por minorias" ideologicamente contrárias à liberdade, e lamentou o atual comportamento dos socialistas. "A maioria do povo português, cremos, não permitirá que se volte a esses tempos", acrescentou.
Em resposta a Paula Teixeira da Cruz, deputados do PS e do PEV contestaram que se fale "em embuste", argumentando que a rejeição do Programa do Governo PSD/CDS-PP e a formação de um executivo alternativo respeitam a Constituição.
"É a democracia a funcionar, é a Constituição", afirmou o socialista Pedro Delgado Alves. "Não evoquem nesta matéria a Constituição", reforçou José Luís Ferreira, deputado do PEV.
"Se há pessoa que sabe e conhece a Constituição sou eu", retorquiu Paula Teixeira da Cruz. "Nenhum de vocês a leu nunca do princípio ao fim. Se a tivessem lido, sabiam que há um artigozinho que é o oitavo, e que obriga a que se respeitem os tratados internacionais", prosseguiu.
Questionando se a pertença de Portugal à NATO e o Tratado de Lisboa vão ser cumpridos, a deputada do PSD sustentou: "Ou os senhores se venderam, e vamos saber qual é o preço quando conhecermos o famigerado acordo, ou então vão defender tudo aquilo que sempre defenderam".
