<p>O Estado português já injectou 4,6 mil milhões de euros no BPN para tapar um buraco que foi revelado, em Fevereiro de 2008, no âmbito de uma investigação sobre fraude fiscal. Nacionalizado para não falir, esteve à venda por duas vezes, mas ninguém lhe pega.</p>
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Foi graças à "Operação Furacão", uma investigação sobre fraude fiscal iniciada em Outubro de 2005, junto de quatro bancos (BES, Millennium BCP, Banco Português de Negócios (BPN) e Finibanco), que se começou a descobrir o "buraco" no BPN. Em causa estava a possibilidade de alguns terem criado (ou mandado criar) centenas de empresas off shore que emitiam facturas falsas para obter vantagens fiscais para os seus clientes.
Pouco antes de as autoridades investigarem o BPN, já o presidente do grupo Sociedade Lusa de Negócios /BPN, Oliveira e Costa, havia abandonado o cargo invocando motivos de saúde, vindo a ser substituído por Miguel Cadilhe. Foi este quem, em Outubro de 2008, denunciou vários crimes financeiros que envolveriam três quadros superiores do banco. Dias depois, o Governo disse ter "descoberto" um buraco de 700 milhões de euros no BPN e anunciou a sua nacionalização, integrando-o na Caixa Geral de Depósitos.
Oliveira e Costa foi, logo em 2008, constituído arguido e detido por suspeitas de burla, branqueamento de capitais e fraude fiscal. Mais tarde, foi-lhe concedida prisão domiciliária e, mais recentemente, mesmo esta foi revogada devido aos aludidos problemas de saúde. Pouco antes de sair do banco, divorciou-se e deixou à ex-mulher, com quem tinha sido casado 42 anos, a titularidade de todos os bens. Oliveira e Costa era presidente da Direcção de 25 empresas do grupo SLN e os filhos e genro ocupavam a liderança de outras empresas do mesmo universo.
Em 2002, o grupo SLN/BPN adquirira o Banco Insular, de Cabo Verde, através do qual teriam sido concedidos alguns dos empréstimos relacionados com os crimes e onde seria escondido o "buraco" de que Oliveira e Costa é acusado de criar. Entre os 16 arguidos estão o ex-ministro da Saúde Arlindo de Carvalho e o deputado social-democrata Duarte Lima, que foram contemplados com dois empréstimos do BPN de 25 milhões de euros. Arlindo de Carvalho estará também envolvido no caso devido à venda ao banco de empresas do Instituto de Participações ao Estado, foi administrador.
Dias Loureiro chegou a ser arguido no caso BPN, porém o Ministério Público decidiu autonomizar o processo de investigação no que lhe diz respeito. Segundo a investigação, o ex-conselheiro de Estado e administrador da SLN terá causado um prejuízo de 40 milhões de euros ao banco durante o chamado negócio de Porto Rico. O resultado da investigação continua, um ano após o seu início, em "segredo de Justiça". A Imprensa já noticiou que o ex-administrador não tem bens em seu nome.