O Tribunal da Maia condenou, esta quarta-feira, dois membros do "gangue do Euromilhões" a penas de quatro a seis anos de prisão, descredibilizando o argumento de um deles, que acusa a PJ de agressão e tortura para obter uma confissão.
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Num julgamento em que o arguido José Guedes foi absolvido e o coarguido Álvaro Joel foi condenado a quatro anos de prisão efectiva por envolvimento em cinco crimes, a pena mais pesada acabou por ser aplicada a Fábio Faria. Segundo o acórdão, este arguido participou em quatro roubos simples, metade dos crimes por que estava acusado.
Durante o julgamento, Fábio Faria remeteu a sua defesa para o que dissera ao juiz de instrução, perante o qual tinha confirmado o depoimento na PJ, mas sublinhou, reiterando-o hoje, que as confissões à polícia foram feitas porque foi "agredido e torturado".
Acrescentou que no primeiro interrogatório judicial reafirmou essa confissão seguindo instruções do seu advogado.
À PJ, "eu disse aquilo que eles queriam ouvir. Eles meteram lá o que lhes apeteceu", afirmou, confirmando que, mesmo assim, assinou quer o depoimento na policia quer o prestado perante o juiz de instrução.
O tribunal acabou por validar esses depoimentos, lidos em tribunal, considerando que as razões que o arguido invocou "não merecem qualquer crédito".
A advogada de Fábio, Carla Ramos Coelho, explicou, no final, que "obviamente" vai recorrer do acórdão e referiu que o seu cliente chegou a queixar-se das agressões e actos de tortura que invoca, num inquérito que foi arquivado.
O "gangue do Euromilhões" estava acusado de duas dezenas de crimes, a maioria roubos simples, em postos de recepção de apostas dos jogos da Santa Casa e em estações de correios. Os assaltantes atuavam encapuzados e de armas em punho, mesmo na presença de clientes.
Os dois condenados são os arguidos que se encontravam em prisão preventiva à ordem do processo e também já cumpriram prisão efectiva por outros assaltos.
Os crimes imputados ao grupo ocorreram entre 26 de Março e 26 de Maio do ano passado. Foram detidos em Junho seguinte pela PJ.