
Matou a filha, pôs a mulher às portas da morte e suicidou-se com um tiro na cabeça. O cenário dantesco pôs em choque, ontem à tarde, moradores da freguesia de Nine, em Vila Nova Famalicão. O crime ocorreu num suposto quadro de violência doméstica.
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O cenário encontrado na casa do casal aponta para que Hélio Carneiro, de 40 anos, sem profissão conhecida, tenha assassinado a filha, de 8 anos, Nádia, com um tiro depois de a espancar. Terá também agredido a mãe, dando-lhe ainda um tiro na cabeça. Andreia, de 30 anos, empregada de limpeza, sobreviveu e está internada no hospital de Braga em estado grave. Hélio suicidou-se com um tiro na cabeça.
Não se sabe ao certo quando terá ocorrido a tragédia que foi descoberta porque a família estranhou, ontem, a ausência do casal e da criança. Telefonaram-lhes e tinham os telemóveis desligados. E, por isso, decidiram alertar as autoridades, temendo que Andreia e a filha tivessem sido vítimas de violência doméstica.
Na escola, também a professora de Nádia decidiu alertar a família do casal porque estranhou que Hélio e Andreia tivessem faltado a uma reunião de pais.
Alertada, a GNR de Famalicão entrou na residência da família por uma janela entreaberta e encontrou Hélio no chão, morto, com um tiro na cabeça. A mulher, Andreia, estava, inanimada, deitada na cama, abraçada à filha, que estava em cima de si. As duas apresentavam sinais de ter sido violentamente espancadas.
As equipas de socorro estiveram algumas horas a tentar reanimar Andreia, que só depois foi transportada para o hospital de Braga. À hora do fecho desta edição, estava internada, com uma bala na cabeça, na unidade de Cuidados Intermédios.
"Ladrão, gatuno que me roubaste as netas... como é que vou viver", gritava Margarida, avó de Andreia, com quem terá sido criada. "Que se matasse só a ele", gritavam outros familiares.
"A Nádia e a mãe estiveram a visitar o jardim-de-infância, na quarta-feira, e não notei nada de anormal. A mãe estava feliz por que segunda-feira começava a trabalhar a tempo inteiro", contou, ao JN, Conceição Ferreira, antiga educadora da menina.
Cadastrado
Hélio, conhecido como "Papo na Cabeça", desde muito novo começou a conviver com um cenário de tráfico, quando morava na casa dos pais, em Pelhe, Famalicão, bem próximo do acampamento cigano.
Cumpriu mesmo pena de prisão de onze anos e, quando saiu, voltou a ser detido. Foi há cerca de um ano, durante uma rusga do NIC de Braga, no Sameiro. Na casa onde ontem ocorreu o tiroteio, em Nine, a GNR apreendeu quatro armas ilegais e munições ao agora homicida/suicida.
