O Bloco de Esquerda considerou esta sábado que, ao admitir que Portugal poderá não regressar aos mercados em 2012, o primeiro-ministro está a reconhecer "um segundo resgate" e a mostrar o total falhanço das políticas do Governo.
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"O primeiro-ministro reconhece que andou a negociar um segundo resgate", afirmou o dirigente do BE José Gusmão, em declarações à Lusa a propósito da entrevista ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, publicada na edição deste sábado do jornal alemão "Die Welt".
Na entrevista, Passos Coelho admite que Portugal pode não regressar aos mercados em 2013, lembrando que que se for necessário está garantida a ajuda financeira do FMI e da UE.
"Eu não sei se Portugal regressará aos mercados em setembro de 2013 ou mais tarde. Naturalmente que eu quero isso mas, se por qualquer razão que não tenha a ver com a aplicação do programa, isso não funcionar, então o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia (UE) manterão a ajuda a Portugal. Já deram garantias disso", refere.
Contudo, acrescenta o primeiro-ministro, "não é claro que isso possa significar um segundo plano de ajudas".
"Eu não vejo motivos para que isso aconteça, mas é claro que desde a cimeira europeia de julho de 2011 há uma garantia de ajuda desde que os programas sejam implementados com sucesso", afirma.
Insistindo que apesar de Passos Coelho o negar, na entrevista ao Die Welt há a "admissão de um segundo resgate" porque nenhuma instituição fará injeções de dinheiro em Portugal sem condições, José Gusmão disse que o primeiro-ministro se limita a "tentar dourar a pílula".
"Pode chamar-lhe o que quiser, mas há a admissão de um segundo resgate", sublinhou.
O dirigente do BE destacou ainda o facto das declarações do primeiro-ministro "mostrarem o total falhanço da estratégia do Governo", lembrando que o executivo sempre disse que as medidas de austeridade iriam colocar Portugal nos mercados em 2013.
José Gusmão lamentou também que o anúncio deste "segundo resgate" tenha sido feito na Alemanha e não em Portugal, junto dos partidos e dos próprios portugueses.