
Regresso ao serviço militar obrigatório é apresentado como forma de reduzir custos
Orlando Almeida/Global Imagens
Os cortes nas forças armadas preconizados pelo ministro da Defesa e ontem debatidos no Conselho de Ministros estão a ser mal recebidos pelos militares. Em declarações ao JN, o general Loureiro dos Santos preconiza o regresso ao serviço militar obrigatório, enquanto Lima Coelho, presidente da Associação Nacional de Sargentos, critica os critérios subordinados às exigências da troika.
Aguiar-Branco defende a diminuição de gastos da ordem dos 200 milhões de euros, até 2020, com redução para 30 mil homens, utilização de militares na reserva em funções do ativo, congelamento de incorporações em 2013 e 2014, reserva com cinco mil homens, corte em 30% nos funcionários civis e junção de unidades.
Loureiro dos Santos lembra que o "conceito estratégico de defesa ainda nem está aprovado. Falta depois o conceito estratégico militar". Entende Loureiro dos Santos que "deve-se ver as necessidades do país [em Forças Armadas], primeiro, e só depois pensar em reduções. Assim é tudo ao contrário". Daí que "não faça sentido discutir a questão da reserva ou outra qualquer". O general, que sempre criticou o recurso a forças profissionais, por serem caras, defende o "regresso parcial ao serviço militar obrigatório, para garantir o mínimo de forças para, por exemplo, o apoio às populações, complementadas com forças profissionais" para intervenção exterior.
Lima Coelho, por seu turno, admite as junções, em particular a criação de uma escola de sargentos conjunta, mas, quanto à reserva, lembra a existência de "vários modelos estrangeiros, como o suíço, o norte-americano ou o finlandês. Qual quer o Governo? Ainda não o disse".
O coronel Pereira Cracel, presidente da Associação de Oficiais, entende que os cortes "são uma forma cega de reduzir custos. Está a ser levado em linha de conta apenas os interesses dos mercados. Pereira Cracel e Lima Coelho criticam ambos o facto de Aguiar-Branco "não ter ouvido as associações como a lei obriga".
