
A "Alta de Lisboa" vai ganhar no sábado uma avenida com o nome do histórico comunista Álvaro Cunhal, uma homenagem "justa" de um "político que faz falta" para alguns moradores da zona, mas que não agrada a outros.
A poucos dias da inauguração, junto à Quinta das Conchas, no Lumiar, os trabalhadores ultimam o passeio em calçada e, apesar de ainda deserta, já todos sabem que aquela avenida terá o nome do líder histórico do PCP.
"Acho muito bem. É uma homenagem justa porque ele foi um grande lutador pela nossa democracia", disse Albertina Almeida, uma das residente com quem a Lusa falou junto à nova via.
Também Maria da Graça, que, apesar de assumir não perceber muito de política, reconheceu que Álvaro Cunhal foi "um político importante".
A mesma opinião têm Ricardo Santos e José da Silva, que recordaram Cunhal como um "grande político" que "faz mais falta nos dias de hoje".
"Deviam ir outros que cá estão e voltar ele? Ele e o Salazar", acrescentou Fernando Moreira, de 74 anos.
Contudo, a homenagem que visa assinalar o ano do centenário do nascimento do líder histórico dos comunistas portugueses não é bem vista por todos, não tivesse sido Álvaro Cunhal uma figura controversa na política.
"Não concordo porque ele não teve mérito. Era também um ditador, como o Salazar, mas de esquerda. Era uma figura estranha, bizarra, que vivia escondida", afirmou José Nobre, de 85 anos.
Da mesma forma, Fávio Vara, de 79 anos, mostrou-se descontente por ter uma avenida perto de casa com aquele nome: "É uma pessoa que eu vigorosamente detesto. Por mim, não havia nenhuma referência sequer a essa figura".
Goste-se ou não, Lisboa, à semelhança de outras localidades, vai associar o líder comunista à toponímia. A avenida da capital já existe nos mapas e nos sistemas de navegação eletrónicos, ainda antes da inauguração.
Na nota sobre a atribuição do nome de Álvaro Cunhal a uma das novas avenidas de Lisboa, o presidente da câmara, António Costa, refere que a autarquia está a "cumprir a responsabilidade institucional com a memória histórica comum".
O autarca socialista considera ainda que a toponímia é "uma forma de enriquecimento do património da memória e, neste caso, faz todo o sentido evocar a memória de Cunhal, no ano do centenário do nascimento".
