Passos e Seguro limitam-se a trocar acusações de "roto e nu", diz Jerónimo de Sousa
O secretário-geral do PCP resumiu, esta sexta-feira, a troca de argumentos entre os líderes de PSD e PS, no debate quinzenal com o primeiro-ministro no Parlamento, como uma mera troca de acusações entre "o roto e o nu".
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O chefe do Governo da maioria PSD-CDS-PP rejeitou o comentário e defendeu que "há quem se esforce todos os dias para que o país feche o programa de resgate e prossiga o caminho do crescimento económico e quem não apoie nenhuma solução para que Portugal retome o seu caminho".
"Em tom humorístico, diria que essa tensão não passa de um "diz o roto ao nu porque não te vestes tu", afirmou Jerónimo de Sousa, desafiando Passos Coelho a estar presente no debate potestativo de 16 de abril sobre o projeto de resolução comunista a favor da renegociação da dívida pública portuguesa.
O primeiro-ministro, também acusado de ser o líder governamental que mais pobres criou em toda a história de Portugal, através de uma citação de Almeida Garrett - "quantos pobres são precisos mais para criar um rico ?" -, valorizou os resultados positivos "patentes na economia".
"Não falo com a História. De acordo com a minha consciência, deixo aos outros o julgamento pelos resultados e alguns resultados são patentes na economia. As taxas de juro a 10 anos são inferiores àquelas de um ano antes do pedido do resgate ou mesmo as verificadas em 2006 e 2007. Não estamos sob stresse financeiro, na iminência de ninguém nos emprestar dinheiro", congratulou-se.
Passos Coelho reconheceu que "não há nenhuma política de ajustamento que traga recessão que não traga uma diminuição do Produto Interno Bruto e, nessa medida uma degradação dos rendimentos", exemplificando com os funcionários públicos e os pensionistas.
"Ainda bem que há um reconhecimento de que a pobreza é a consequência e o objetivo da politica deste Governo, a que chamam de ajustamento", criticou o líder comunista, avançando com exemplos de "insensibilidade", por exemplo nos cortes de subsídios e abonos a crianças com deficiência ou necessidades educativas especiais.
Para Jerónimo de Sousa, o executivo da maioria PSD/CDS-PP está, "claramente, do lado dos mais poderosos, dos mais ricos e dos mais fortes, contra os mais vulneráveis, os mais pobres".
Passos Coelho garantiu que "as regras foram mantidas" quanto àquelas crianças e contrapôs que as medidas adotadas em termos de esforço dos portugueses até contribuíram para a diminuição da assimetria na distribuição de rendimentos.
"É o próprio Instituto Nacional de Estatística que o desmente, que mostra que a assimetria foi esbatida. Até no índice de privação de bens materiais das famílias houve uma redução das dificuldades económicas entre 2009 e 2013 e não é de certeza devido ao (ex-primeiro-ministro socialista) engenheiro Sócrates", disse, sublinhando que, em Portugal, "quanto mais se ganha mais se paga", em virtude de uma "taxa de esforço progressiva".