Não é com o resultado da sondagem da Católica que o PS ganhará embalagem para as legislativas. O cenário de empate no número de eleitos entre socialistas e coligação PSD-CDS não está sequer excluído.
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Não terá tido especial influência nas intenções de voto o facto de o trabalho de campo do estudo de opinião ter ocorrido no passado fim de semana, marcado pelo Conselho de Ministros extraordinário, que coincidiu com o final do programa de assistência financeira, e pela apresentação do "Contrato de Confiança" do PS.
Para a lista de Francisco Assis, o intervalo definido no que respeita à dimensão da representação autoriza o (quase) tudo e o (quase) nada. Isto é: dez mandatos contra sete ou um empate, a nove, com a Aliança Portugal, figurino que a abstenção, que se perspetiva elevada, pode alterar. No pior dos cenários, o PS ficaria inibido de apresentar o sufrágio de domingo como segunda etapa do caminho de regresso ao poder executivo, iniciado nas autárquicas de setembro de 2013. É que só uma vitória robusta proporciona um "empurrão" nesse sentido, por fragilizar o adversário.
A coligação de direita, liderada por Paulo Rangel, mantém os socialistas à vista. A confirmar-se a derrota por uma margem curta (em 2009, PSD e CDS elegeram, em conjunto, dez eurodeputados), o Governo de Passos Coelho poderia gabar-se de dobrar quase incólume o Cabo das Tormentas das europeias, ganhando novo fôlego para as legislativas do próximo ano.
Quem parece prestes a cantar vitória na noite eleitoral, com propriedade, é a CDU. Garantido o regresso à condição de terceira força neste plano, os comunistas estão em condições de fazer mais do que suplantar o rival Bloco de Esquerda. Capitalizando grande parte do descontentamento neste campo político - não apenas com o Governo, mas com Bruxelas -, podem, no melhor dos cenários, duplicar o seu grupo. O que permitiria a estreia de uma dirigente dos "Verdes", Manuela Cunha, no Parlamento Europeu.
O estudo de opinião revela que Marisa Matias será a única eleita do Bloco. Rude golpe, para um partido que há quatro anos obteve três mandatos, mas que tem vindo a encolher de eleição para eleição. Resta saber se se confirmam os receios do número dois da lista, João Lavinha, que já admitiu que a sua não eleição pode resultar em reforço da candidatura de direita.
À beira de garantir a sua própria eleição está Marinho e Pinto. O ex-bastonário da Ordem dos Advogados beneficia da popularidade adquirida no cargo. Caso se estreie como eurodeputado, oferece, em simultâneo, representação ao Partido da Terra.
Em sentido inverso, Rui Tavares deverá despedir-se de funções. Eleito pelo BE em 2009, guinda aos 2% o Livre, partido constituído há poucos meses. Porém, o score não é suficiente para que conquiste novo mandato.
* Obtida calculando a percentagem de intenções diretas de voto em cada lista em relação ao total de votos válidos (excluindo abstenção, não respostas e indecisos). São apenas consideradas intenções e inclinações de voto de inquiridos que disseram que "de certeza" vão votar (N=1075). Estas estimativas têm valor meramente indicativo, dado que diferentes pressupostos poderão gerar resultados diferentes.
FICHA TÉCNICA
Esta sondagem com simulação de voto em urna foi realizada pelo CESOP - Universidade Católica Portuguesa para
o Diário de Notícias, Jornal de Notícias, a Antena 1 e a RTP nos dias 17, 18 e 19 de maio
de 2014. O universo alvo é composto pelos indivíduos com 18 ou mais anos recenseados eleitoralmente
e residentes em Portugal Continental. Foram selecionadas 22 freguesias do país. A seleção das freguesias foi sistematicamente repetida até que os resultados eleitorais das últimas eleições europeias nesse conjunto de freguesias (ponderado o número de inquéritos a realizar em cada uma) estivessem a menos
de 1% dos resultados nacionais dos cinco maiores partidos.
Os domicílios em cada freguesia foram selecionados por caminho aleatório e foi inquirido em cada domicílio o mais recente aniversariante recenseado eleitoralmente na freguesia. Foram obtidos 2085 inquéritos válidos, sendo 58% dos inquiridos do sexo feminino, 42% da Região Norte, 15% do Centro, 33% de Lisboa e 9% do Alentejo. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população residente no continente por sexo e escalões etários, na base dos dados do Censos 2011.
A taxa de resposta foi de 76%*. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 2085 inquiridos é de 2,1%, com um nível de confiança de 95%.