A mãe de uma das vítimas do homem que está a ser julgado, em S. João da Madeira, por abuso sexual de menores, reclamou, esta quarta-feira, da ministra da Justiça "que concretize" o registo nacional de pedófilos.
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À margem da audiência que decorreu à porta fechada, e que se refere apenas a duas das cerca de 80 vítimas menores, dos 9 aos 15 anos, envolvidas na investigação da Polícia Judiciária, a mãe de uma das duas meninas declarou à Lusa: "Estou à espera que a ministra da Justiça cumpra o que disse no Dia Mundial da Criança, quando prometeu que ia criar um registo nacional de abusadores de crianças".
Não querendo identificar-se para evitar que a filha seja reconhecida, a mesma fonte acrescentou: "Não posso dizer agora tudo o que me apetece sobre esse homem, mas ele já tinha sido condenado pelo mesmo crime e continuou a fazer do mesmo. Portanto a ministra que cumpra com o que prometeu e concretize".
O indivíduo em questão já terá sido condenado por pornografia infantil no Tribunal de Faro, mas recorreu da sentença, pelo que essa ainda não transitou em julgado.
Foi no período que se seguiu ao julgamento, entre finais de 2010 e meados de 2011, que o acusado terá cometido os 240 crimes de abuso sexual de menores e pornografia infantil que lhe são imputados agora, na sequência da investigação da Polícia Judiciária.
Segundo a Acusação, o homem contactava com as menores através do Facebook e, embora tendo na altura 46 ou 47 anos, identificava-se como um jovem de 18. Depois, explorava o relacionamento com as vítimas até lhes conquistar confiança suficiente para pedir que expusessem a sua nudez perante uma webcam, ao que elas terão acedido.
Esta quarta-feira, o coletivo de juízes do Tribunal de S. João da Madeira ouviu o depoimento de uma professora e de uma pedopsiquiatra arroladas pela Acusação, que quer ainda apresentar uma nova testemunha na próxima sessão do julgamento.
A advogada de Defesa, Sandra Azevedo, garante que o seu cliente "mostrou-se muito arrependido". "Não tinha noção nem consciência da gravidade do que estava a fazer, nem do mal que estava a provocar", disse à agência Lusa. Segundo a mesma causídica, o acusado fazia "destrinça" entre o presencial e o virtual, e "achava que, por não haver contacto físico com as menores, a situação não era tão grave".
Sandra Azevedo espera agora que o coletivo de juízes tenha em conta esse desconhecimento e que valorize também o facto de que o acusado "reconheceu sempre parte da culpa, só rejeitando algumas afirmações da Acusação que não considera verdadeiras".
