São mães, avós ou mulheres desesparadas que diariamente mandam 25 denúncias à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, quando os familiares gastam o dinheiro todo no jogo ilegal. Só no Norte, a ASAE já encerrou 25 casinos clandestinos.
Corpo do artigo
Há cerca de dois anos que a ASAE criou brigadas especializada no combate ao jogo ilegal. Desde então, as denúncias de mulheres aflitas têm aumentado. Os maridos, os filhos ou os netos gastam no jogo o dinheiro todo, que faz falta em casa. Para se ter uma ideia dos valores envolvidos, calcula-se que as perdas de receita fiscal com as máquinas de jogo ilícito rondam os 146 milhões de euros por ano.
"Normalmente, recebemos entre 40 e 50 denúncias por dia. Estamos a falar da mãe, da mulher ou da avó desesperada. Parte das reformas e dos salários são gastos pelos netos ou maridos no jogo ilícito. Diria que 50% (25 por dia) dessas denúncias correspondem de facto a situações de jogo ilícito.", explicou, ao JN, Rute Serra, inspetora diretora na Unidade Regional do Norte da ASAE, que já fechou 25 casinos ilegais nessa zona do País.
Mas nem todos os locais de jogo são considerados casinos ilegais. Para ter esse "carimbo" tem de pelo menos jogo carteado como o póquer ou então várias máquinas de jogo. "No ano passado, fizemos 267 detenções e apreendemos mais de dois milhões de material. Fiscalizamos 282 estabelecimentos com jogo ilegal. Incluindo os casinos clandestinos, mas também cafés com apenas uma máquina, que a ASAE até pode encontrar em fiscalizações de rotina. Já quando falamos de casinos, são locais mais difíceis de fiscalizar. Temos de fazer vigilância e investigação", explica Rute Serra.
A pratica do jogo ilegal é transversal a todos os extratos sociais e regiões, mas pode-se fazer uma distinção entre dois tipos de jogadores e de meio ambiente. "Se estamos a falar de casino clandestino, estamos a falar de pessoas da classe média alta, de outro estrato social. de zonas urbanas. Se estivermos a falar de máquinas, elas são, regra geral, mais implementadas em zonas rurais", garante a diretora regional do Norte.
Porto, Vila Nova de Gaia, Gondomar, Valongo e Famalicão são os concelhos onde a ASAE instaurou, no ano passado, mais processos por jogo ilícito, tanto por casinos clandestinos como para máquinas de jogo, que, segundo a Rute Serra rende fortunas aos fabricantes e exploradores.
"Além do nosso trabalho de fiscalização também há um trabalho de desmantelamento de armazéns onde são produzidas e guardadas as máquinas de jogo ilegal. Em 2013, desmantelamos seis armazéns de jogo ilegal. São detidos por empresários que se dedicam em exclusivo a este tipo de atividade, o que mostra que é lucrativa" adianta a diretora do Norte da ASAE, para quem, "nesta conjuntura económica, há um incremento do jogo legal mas também ilegal".
