Só uma construtora reclama mais de um milhão de euros da Câmara de Alijó, em tribunal, por obras adjudicadas verbalmente. O novo presidente acusa o anterior de "laxismo", mas a PJ procura outras explicações. Alijó é um dos municípios mais endividados do país.
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A investigação da Polícia Judiciária (PJ) está no início e incidirá sobre negócios feitos pela Câmara Municipal de Alijó (CMA) nos últimos três mandatos, sob a presidência do militante do PS Artur Cascarejo, agora diretor do parque natural que vai absorver parte dos 70 milhões de euros de contrapartidas da EDP pela barragem do Tua.
A PJ recebeu, em maio, uma denúncia que apontava "indícios sérios de matéria criminal" em obras públicas adjudicadas por ordem verbal. A documentação anexada destacou o caso da construtora de Amarante Higino Pinheiro & Irmão, Lda., que reclama cerca de 1,55 milhões de euros por obras entregues de boca, e relacionou este tipo de atos de gestão com o endividamento da CMA, a rondar os 293%.
Em Assembleia Municipal de dezembro de 2013, já o novo presidente da CMA, Carlos Magalhães (PSD), colocava o dedo na ferida. Informou que contabilizara dívidas em montante de 21,1 milhões de euros - que entretanto atualizou, para cerca de 29 milhões - e imputou ao seu antecessor práticas que ajudariam a explicar tamanho desastre financeiro, num concelho reduzido a menos de 12 mil habitantes.