O reitor da Universidade do Porto apelou, esta terça-feira, ao silêncio para "não criar mais problemas", uma vez que Portugal está "numa altura em que a psicologia é fundamental" e as "coisas depressivas" não ajudam a construir o país.
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"Acho que se estivéssemos seis meses todos calados, não criássemos mais problemas do que os que já existem e deixássemos as coisas correr, daqui a seis meses, trabalhando, veríamos que as coisas até evoluíram melhor do que o que pensámos", afirmou Marque dos Santos, no final da sessão comemorativa dos 25 anos do programa Erasmus.
O reitor da Universidade do Porto respondia assim a perguntas sobre o número de alunos desistentes do programa de intercâmbio como consequência da crise, uma situação que tem acompanhado mas que não confirma.
"Não temos aqui relatos de desistências fora do normal. Nem de alunos de Erasmus nem sequer de inscrições", garantiu.
Para Marques dos Santos, o país está a atravessar uma fase em que todos se "deviam calar".
"Já chega o problema que temos que é tão grave e estamos todos os dias a inventar novos números, coisas depressivas, os economistas a fazer previsões catastróficas que depois não se confirmam", lamentou.
Por considerar que nesta altura "a psicologia é fundamental e este contínuo fosso que se cria em todos não ajuda a construir o país", defendeu que "era importante esses números deixarem de ser notícia e aguardar que as coisas evoluam naturalmente".
"Obviamente estando atentos a problemas" e "se os houver resolvê-los cada um por si", assinalou.
Em 25 anos, o programa Erasmus na Europa contou com a participação de quase nove mil alunos da Universidade do Porto, que este ano assistiu à desistência de cerca de 10 por cento dos inscritos.
Neste ano letivo desistiram do programa 88 alunos da Universidade do Porto, sendo que 18 das desistências se referem a estudantes de Farmácia que se candidataram a um estágio ao abrigo de um protocolo entretanto terminado.
A nível nacional, foram mais de 716 os alunos que este ano cancelaram a sua participação, dizendo as universidades e politécnicos que o baixo valor das bolsas de estudo de mobilidade (285 euros mensais) ajuda a explicar esta realidade.
Esta terça-feira, Marques dos Santos disse esperar que a crise "não afete o programa", esperando que o mesmo seja reforçado, nomeadamente no que diz respeito às bolsas Erasmus que desejava que "pudessem ser mais generosas para aqueles que têm menos posses".