Professores exigem mínimo de seis horas letivas para quem ficou com horário-zero
Centenas de professores que se concentraram, esta terça-feira, junto às instalações da Direção Regional de Educação do Norte (DREN), no Porto, exigiram a atribuição de um mínimo de seis horas letivas a docentes a quem foi dado horário-zero.
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Num caderno reivindicativo entregue ao diretor regional, os professores exigiram também a redução do número de alunos por turma e, entre outras medidas, a abertura de um processo negocial "que vise identificar e ultrapassar ilegalidades que estão a ser cometidas no âmbito da carreira docente".
Os professores concentrados frente à DREN envergavam maioritariamente roupa branca, querendo com isto simbolizar a sua oposição a políticas que tornem "negro" o futuro da Educação, segundo Manuela Mendonça, do Sindicato dos Professores do Norte e da Federação Nacional de Professores (Fenprof), os promotores do protesto.
Expressões como "deixem-nos ser professores" e "empobrecer a escola é arruinar o país" viam-se em tarjas exibidas pelos docentes ou em "t-shirts" que vestiam.
O tom geral dos discursos produzidos foi o de que as medidas que o ministério de Nuno Crato está a tomar afetam não só o futuro pessoal de docentes contratados e do quadro, mas também a qualidade da Educação.
Em declarações aos jornalistas, o coordenador da Fenprof, Mário Nogueira, disse que, em setembro, "serão milhares" os professores contratados "que vão ser postos fora das escolas" e os do quadro que ficam com horário-zero.
"Mesmo aquelas tarefas que o Ministério da Educação, para tentar disfarçar, veio dizer que seriam atribuídas, não retiram esses professores de uma bolsa de docentes com horário-zero para, à primeira oportunidade, poderem ser postos fora", afirmou, considerando que tudo isto acaba por afetar a qualidade do ensino ministrado.
"Que sentido faz ter 30 alunos por turma numa escola com 40 professores com horário-zero?", questionou-se ainda o dirigente sindical.
Referindo-se ao trabalho do atual titular da pasta da Educação, Mário Nogueira disse que o ministro Nuno Crato "não passa de um 'bluff'", porque alegadamente fez o mesmo, "ou ainda pior", do que os seus antecessores, que "tanto criticava".
A esta manifestação, que decorreu sob o lema "Os professores fazem falta nas escolas e ao país! Contra a extinção deliberada de postos de trabalho!", seguem-se iniciativas similares em Coimbra (quarta-feira), Évora e Faro (quinta-feira) e Lisboa (sexta-feira).