Fenprof destaca "absoluta coerência" do discurso com prática do ministro da Educação
O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) declarou esta quinta-feira que a afirmação do ministro da Educação e Ciência de que "a oposição sindical é quase soviética" é "absolutamente coerente com a prática".
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"A afirmação é absolutamente coerente com a prática. E alguma vez havíamos de encontrar coerência entre o discurso e a prática do ministro [Nuno Crato]. Afinal, se está a fazer recuar o sistema educativo mais de 40 anos, por que não havia o discurso de recuar os mesmos 40 anos?", afirmou Mário Nogueira, numa reação por escrito enviada à agência Lusa.
"Era assim que, no fascismo, se acusavam os críticos e opositores: soviéticos, comunistas e até anticristos", sublinhou.
Mário Nogueira referia-se aos "exames da quarta classe, o liceu e a escola técnica, as meias licenciaturas, o empobrecimento curricular".
"Quanto às propostas destes 'soviéticos', eram lixo. Como agora. Sem surpresas, portanto", concluiu o dirigente sindical.
Num debate promovido pelo International Club of Portugal, o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, disse que o país vive num sistema extremamente centralizado, de patrão único, com uma oposição sindical quase soviética.
"Os sindicatos são necessários, tal como a oposição é necessária a qualquer Governo. Vivemos num sistema democrático. Se estou de acordo com algumas medidas extremas de alguns sindicatos que estão sempre do contra? Não, não estou de acordo", afirmou, em resposta a um dos participantes sobre a forma como lida com as reivindicações sindicais, nomeadamente da Federação Nacional dos Professores.
Nuno Crato acrescentou que o país vive num sistema que classificou de extremamente centralizado: "É um sistema de patrão único, quase soviético e com um sistema quase soviético também a oposição sindical é quase soviética ou mesmo soviética".
"Temos de ultrapassar isto. Temos de chegar a um momento em que todos nós percebamos que temos de nos entender", referiu.
Nuno Crato declarou que Portugal está "numa democracia mais madura" e que os sindicatos são "absolutamente necessários".
"Vamo-nos sentar, vamos é continuar a discutir as coisas e vamos ultrapassar algum radicalismo que existe aqui", referiu durante um debate subordinado ao tema: "O Nosso Programa de Melhoria Real da Educação".