<p>Bebés grandes e pequenos, cabeças, pés, pernas, coração, peito, estômago e até intestinos. Tudo feito em cera, o mais próximo possível da realidade. São as "promessas de cera" que a par das simples velas continuam ser os objectos preferidos dos peregrinos de Fátima.</p>
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Não é pois de estranhar o carinho e a dedicação que os três sócios e também empregados "Fabriceras", localizada na Eira Velha, Fátima, colocam na feitura de cada peça. Um trabalho "monótono" realizado diariamente entre as 9 e as 18 horas mas que "não é nada chato nem difícil", garantem.
Vítor Neves, 37 anos, é o homem da empresa. Trabalha lado a lado com a irmã, Anabela Neves, 38 anos e também sócia, e de Céu Pereira, 45 anos. Fundaram a empresa há cerca de um ano e não têm mãos a medir.
"As encomendas estão sempre a sair, principalmente entre Maio e Outubro. No Inverno temos menos procura, mas vamos fazendo as promessas e guardando", explica Vítor enquanto prepara o molde. Das suas mãos saem as figuras maiores - os meninos e meninas grandes com um metro de altura - cabendo as duas mulheres a feitura de peças mais pequenas.
Enquanto prepara o molde de gesso para uma nova figura, Vítor vai explicando que a maioria das promessas ali confeccionadas são vendidas nas lojas do Santuário. Mas também tem encomendas de estabelecimentos do norte do país. E porque se fala tanto em crise, o empresário até admite que ela se possa vir a sentir, mas para já os dados são animadores.
Entre a colocação da cera do molde e a espera que a mesma solidifique, Vítor Neves conta que são as partes do corpo humano as promessas que mais saída têm. Anabela, a irmã, recorda-lhe que também os bebés de 30 centímetros "têm muito procura". "Por ano saem mais de mil bebes grandes e o dobro dos bebés pequenos" reforça Anabela.
Atenta Céu Pereira diz que por mês "saem muitas promessas", e que apesar dos bebés serem os preferidos "também se vende muitas pernas, cabeças, pés e corações". Afinal "tudo tem a ver com as promessas que as pessoas fazem nas horas de aflição", reforça.
Ao lado da pequena "oficina" onde são gastos cerca de mil quilos de cera por mês, está um pequeno armazém cheio de caixotes. Ali são armazenadas as peças por tamanhos e figuras que depois abastecerão as lojas.
O trabalho ali realizado parece simples, mas tudo tem de ser feito ao pormenor. A cera depois de derretida em bidões a gás e numa caldeira é colocada em moldes de gesso, feitos por Vítor. "Normalmente duram dois anos e depois temos de fazer novos", explica, enquanto mostra os quatro moldes necessários para um menino de um metro de altura, que demora cerca de 30 minutos a fazer.
As promessas mais pequenas levam pouco mais de cinco minutos a estar prontas. Depois da cera solidificada é retirado o molde, a peça colocada em água fria e raspada "para que fique perfeita". A "promessa" é colocada nos caixotes e guardada.