Médicos querem avaliar se tratamento do cancro é prejudicado por medidas do Governo
O bastonário da Ordem dos Médicos disse sexta-feira à Agência Lusa que vai ser feita uma auditoria para avaliar se as medidas do Governo prejudicam o tratamento oncológico.
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"Queremos avaliar se o tratamento segue as 'guidelines', se é uniforme em vários hospitais e se não está a ser prejudicado por medidas do Governo que receamos que possa colidir com a rapidez que o doente oncológico é diagnosticado e tratado, porque isso está directamente relacionado com a sua possibilidade de sobrevivência", revelou José Manuel Silva.
A auditoria será feita em conjunto com a Direcção-geral de Saúde na zona sul do País porque, explica, seria demasiado complexo e insuportável fazê-lo a nível nacional.
O bastonário diz que "é uma equação impossível" que o diagnóstico e o tratamento oncológico suporte "cortes tão drásticos", admitindo que era possível fazê-lo de forma progressiva.
O bastonário da Ordem dos Médicos defendeu ainda que, de uma forma mais geral, os cortes na saúde vão prejudicar a qualidade do serviço prestado aos portugueses.
"Está-se a poupar na saúde, e isso é um gasto porque piora a qualidade de saúde dos portugueses, para se compensar outros sectores onde a situação do País é mais grave", acusou José Manuel Silva.
No dia em que o secretário de Estado da Saúde anunciou um corte de 300 milhões de euros na transferência de verbas para os hospitais públicos o Bastonário criticou "os cortes cegos" que entende terem sido definidos pelo Governo.
"Os sucessivos cortes que têm sido feitos não têm sido direccionados para sectores onde reconhecidamente haja desperdício ou duplicação de recursos e vão ter consequências inevitáveis no Serviço Nacional de Saúde", acusou.
Ainda que sublinhe concordar com a esmagadora maioria das medidas da 'troika' na área da Saúde, José Manuel Silva expressa "uma profunda preocupação porque se está a ir além do que é preconizado pela 'troika'".