O presidente da Escola Nacional de Bombeiros afirmou, esta sexta-feira, que a "ausência de uma política florestal" é a grande responsável pelos fogos que lavram em Portugal, garantindo que todos os bombeiros recebem formação para combaterem incêndios florestais.
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"A grande responsabilidade de toda esta situação é a ausência de uma política florestal e o abandono da floresta portuguesa", afirmou José Ferreira, em declarações à agência Lusa.
Só na quinta-feira, a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) registou 235 incêndios, que foram combatidos por 4047 operacionais, com o auxílio de 1085 veículos.
O presidente da Escola Nacional de Bombeiros recordou que, "aqui há uns anos, nos grandes incêndios de 2003, se dizia que esses grandes incêndios poderiam constituir uma boa oportunidade para o país para fazer uma política florestal". No entanto, referiu, "passaram dez anos e tudo continua igual".
Na quinta-feira, o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, considerou que os incêndios que lavram no país desde domingo, são, em parte, uma inevitabilidade. "É, em parte, uma inevitabilidade, dado o estado de abandono em que está uma grande parte da floresta portuguesa", defendeu o governante.
José Ferreira diz que "não se pode continuar a insistir na questão dos bombeiros [eventual falta de formação para combaterem fogos florestais]", considerando que o que é necessário é "inverter o rumo para uma situação de prevenção, alteração da política florestal deste país".
De acordo com o presidente da Escola Nacional de Bombeiros, qualquer "bombeiro (profissional ou voluntário) tem obrigatoriedade de, ao longo da sua carreira - quando ingressa como bombeiro de 3.ª, quando sobe a bombeiro de 1.ª ou quando sobe ao posto de chefe - fazer formação na área de combate a incêndios florestais".
José Ferreira sublinhou que, durante o período de maio/junho, a Escola organizou pela primeira vez "um curso especial para quadros de comando, para os incêndios de maior dimensão, um curso intensíssimo durante uma semana, com treino no terreno e com simulações de treino noturno".
Desde o início do ano, três bombeiros morreram e 34 ficaram feridos no combate a incêndios.
O caso mais recente ocorreu, na quinta-feira, na Serra do Caramulo, distrito de Viseu, onde uma bombeira morreu e outros seis ficaram feridos, estando um deles internado no Hospital de São João, no Porto, com "prognóstico muito reservado".