Representantes dos emigrantes portugueses queixam-se que o atendimento nos consulados tem vindo a piorar, registando-se tempos de espera elevados, devido à saída de funcionários, apesar de as comunidades estarem a aumentar.
Corpo do artigo
"Para quem está fora, o consulado é a entidade que nos faz aproximar ao país e isto emperra", disse à Lusa Fernando Gomes, presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), para quem "com o atual Governo, as coisas só têm piorado, nitidamente".
Regista-se uma "maior saída de portugueses para o exterior" e a "qualidade do serviço decaiu", afirmou.
O responsável, residente em Macau, dá o exemplo do consulado desta região, que perdeu três funcionários e onde o atendimento é feito mediante entrega de senha e "as filas são enormes". A maioria da comunidade portuguesa "felizmente, tem passaporte" macaense e a burocracia é mais simples.
No Luxemburgo, onde as dificuldades no atendimento consular já motivaram manifestações, o conselheiro Eduardo Dias afirma que "o consulado está fechado e só funciona por marcação".
"A situação é difícil. A população residente aumenta todos os dias, mas o número de funcionários diminui. Obviamente, isto não resulta, não é preciso nenhuma inteligência para compreender isto", criticou.
O conselheiro da comunidade portuguesa no Luxemburgo considera que, em vez de resolver, o consulado cria mais problemas aos emigrantes.
"Só acontecerá uma melhoria da situação quando existir um governo que transforme em ações as palavras de que os cinco milhões de portugueses que vivem fora de Portugal têm de ser tratados da mesma forma que os portugueses que vivem no país. É mentira que sejam tratados da mesma forma", lamentou.
Em Paris, o atendimento já funcionou bem, mas degradou-se com a saída de mais de 30 trabalhadores nos últimos anos, considerou o conselheiro Parcídio Peixoto.
Antes, com mais de 90 funcionários, o consulado conseguiu eliminar as filas de espera, uma realidade que entretanto regressou para uma comunidade que rondará as 600 mil pessoas, afirmou o representante dos emigrantes na capital francesa.
No Reino Unido, o conselheiro António Cunha tem uma visão mais positiva, garantindo que o consulado de Londres, que ao longo de anos apresentou problemas, funciona agora muito melhor.
O representante afirma que o atual cônsul-geral alargou os horários de funcionamento e estabeleceu novas formas de funcionamento, como a marcação de consultas pela internet, o que fez "toda a diferença".
O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas é assinalado na próxima terça-feira, dia 10.