Uma equipa internacional de investigadores coordenada por dois professores da Universidade de Coimbra (UC) alcançou "um avanço considerável" para que a administração da insulina por via oral possa ser uma realidade terapêutica.
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Os últimos estudos desenvolvidos no âmbito da tecnologia farmacêutica criada por esta equipa visando a administração oral de insulina revelaram, 'in vitro', que a insulina encapsulada atravessa o epitélio intestinal ((barreira teoricamente impermeável à passagem de moléculas como a insulina)" por duas vias: isolada e revestida, segundo um comunicado da UC.
A tecnologia desenvolvida pela equipa coordenada por dois professores da Faculdade de Farmácia da UC "já garantiu a protecção em ambiente gástrico e uma passagem de insulina através do epitélio intestinal de ratos acima de 30%, um nível de biodisponibilidade sem precedentes".
Fazendo uma analogia, "perante um imponente muro, praticamente impossível de derrubar, a estratégia adoptada pela nossa equipa, e que passa por um sistema de micro e nanopartículas já protegido por duas patentes, conseguiu passar o muro", explica António Ribeiro, um dos coordenadores da equipa, na nota da UC.
Apesar de ser considerado "um passo de gigante" para o transporte de insulina, António Ribeiro adverte que "não basta passar" o muro.
"Temos de fazer novos estudos para mostrar como o conseguimos, ou seja, quais foram os mecanismos que permitiram essa passagem", refere.
Segundo explicou à Lusa, a "grande vantagem" da administração da insulina por via oral no tratamento da diabetes é o facto de "simular a via fisiológica", sendo necessária uma quantidade menor e produzindo menos efeitos secundários.
"Para que a administração oral de insulina possa vir a ser uma realidade terapêutica para a diabetes, com melhorias significativas da qualidade de vida dos doentes, a comunidade científica tem, num labirinto de interacções, dois grandes desafios: garantir a protecção da insulina em ambiente gastrintestinal e conseguir que atravesse o epitélio intestinal (barreira teoricamente impermeável à passagem de moléculas como a insulina)", lê-se ainda na nota.
A tecnologia desenvolvida pela "vasta equipa" coordenada por António Ribeiro e Francisco Veiga é composta por um sistema de micro e nanopartículas, construídas à base de biopolímeros - proteínas e polissacarídeos -- adianta o comunicado.
De acordo com António Ribeiro, a administração da insulina por via oral actualmente é feita apenas na Índia e no Equador.