A fêmea da espécie lince ibérico Kayakweru, libertada na natureza em fevereiro passado, foi encontrada morta na quinta-feira, informou o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas, que é responsável pela vigilância do animal.
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"Kayakweru, fêmea reintroduzida a 7 de fevereiro e libertada na natureza no passado dia 25 do mesmo mês, foi encontrada esta quinta-feira morta, pela equipa de campo do ICNF, numa zona florestal, no âmbito da monitorização dos animais reintroduzidos na região de Mértola", refere uma informação daquela entidade, divulgada no seu site.
O ICNF avança que as causas da morte deste lince são ainda desconhecidas e o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) vai realizar a necropsia para apurar mais dados sobre esta situação.
O animal encontrava-se sob vigilância do ICNF, "tendo sido monitorizado presencialmente ontem [quarta-feira] por volta das 19 horas, apresentando os comportamentos normais da espécie", explica o instituto.
A fêmea Kayakweru, nascida em Silves, e o macho Kempo, proveniente de Doñana (Espanha), foram libertados a 7 de fevereiro no Parque Natural do Guadiana, em Mértola, iniciando o processo de integração da natureza, juntando-se assim aos dois primeiros linces ibéricos já a viver na natureza - Katmandu e Jacarandá.
Kayakweru e Kempo foram colocados naquele parque, num cercado com dois hectares de área e que servia para se adaptarem à vida no habitat natural.
A colocação dos linces ibéricos naquele cercado permite uma transição da vida nos centros reprodução para a vida na natureza. O período de adaptação será no mínimo de 20 dias, no entanto, "a sua duração final está sempre dependente do comportamento dos animais no cercado", segundo o ICNF.
Para o instituto, a reintrodução dos linces ibéricos na natureza "é mais um passo no compromisso nacional e ibérico para a inversão do risco de extinção desta espécie".
Morte de fêmea de lince é "normal"
Uma responsável do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas considerou normal a morte da fêmea de lince ibérico libertada na natureza e garantiu a continuação do programa de reintrodução da espécie.
"É perfeitamente normal, da mesma forma que temos índices de natalidade, termos índices de mortalidade quando falamos de populações de ser vivos. Portanto, é absolutamente normal que haja mortalidade, seja de causas naturais, seja por outro tipo de causas", explicou à agência Lusa Sofia Castelo Branco, vogal do conselho diretivo do ICNF.
Este instituto divulgou o seu site que "Kayakweru, fêmea reintroduzida a 7 de fevereiro e libertada na natureza no passado dia 25 do mesmo mês, foi encontrada morta pela equipa de campo do ICNF, numa zona florestal, no âmbito da monitorização dos animais reintroduzidos" na região de Mértola.
"Vamos continuar com o centro nacional de reprodução em cativeiro de Silves a funcionar, vamos continuar a reintroduzir animais na natureza e temos de estar preparados para que episódios destes ocorram", salientou Sofia Castelo Branco.
A responsável do ICNF referiu que não foram encontrados indícios ou sintomatologia que permitissem perceber que a fêmea de lince tenha sido atacada e só os resultados da necrópsia, que se deverá realizar esta sexta-feira, podem esclarecer quais as causas da morte.
"Não tínhamos qualquer sinal de alarme e temos estado ali a fazer uma apurada vigilância aos animais que têm vindo a ser reintroduzidos na natureza e [a fêmea Kayakweru] na véspera foi avistada", descreveu a responsável do ICNF.
Atendendo à metodologia utilizada para acompanhar estes animais, "parecia estar a comportar-se naturalmente", avançou Sofia Castelo Branco.
No âmbito do programa estabelecido entre Portugal e Espanha para a conservação desta espécie em vias de extinção já foram reintroduzidas várias dezenas de animais, sobretudo pelos parceiros espanhóis.
Sofia Castelo Branco salientou que um terceiro casal de linces está no cercado de transição e, assim que os especialistas considerarem que estão preparados, ou com o comportamento de adaptação adequado, serão libertados.
O processo de introdução de linces no seu habitat natural iniciou-se em dezembro e está prevista a libertação de "uma média de oito a 10 animais durante um conjunto de anos", processo que depende da forma como se vão fixando no território e conseguindo garantir a constituição de um novo núcleo.