
Pilar Abel
FERNANDO VILLAR/EPA
Pilar Abel exigia ser reconhecida legalmente como filha de Salvador Dalí, mas a exumação do cadáver e posterior análise de ADN provaram que o pintor espanhol não é seu pai, foi revelado esta quarta-feira.
Há doze anos que Pilar Abel Martínez conta que Salvador Dalí é o seu verdadeiro pai, apesar de estar um outro nome no seu registo de nascimento.
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Nascida em fevereiro de 1956, a mulher espanhola afirma que a avó lhe revelou que seu pai biológico era o pintor. Dali vivia perto do local onde a sua mãe trabalhava, em Cadaqués, a tomar conta das crianças de uma família.
A história nunca foi esquecida e, segundo Pilar, a mãe - que hoje em dia sofre de Alzheimer e não pode testemunhar em tribunal - também confirmou o relacionamento com o pintor. Mas só em 2015, revela o jornal "El Español", é que a cartomante decidiu entrar com uma ação em tribunal para provar a sua paternidade.
Foi a 20 de julho deste ano que o passo mais polémico do caso avançou, na cripta do Teatro-Museo Dalí, em Girona. Um tribunal de Madrid decidiu que o cadáver do pintor fosse exumado, para que se realizassem provas periciais que permitissem a recolha de ADN para comparação.
Apesar do recurso da Fundação Gala-Dali, o processo avançou e o cadáver foi retirado da sepultura, mas o resultado da análise não foi o que Pilar esperava. Segundo a imprensa espanhola, o ADN retirado do corpo de Dalí não tem correspondência ao da mulher, depois de terem sido feitas análises nos serviços de medicina forense de Barcelona e Madrid.
Segundo o tribunal, só provas biológicas poderiam garantir o deferimento do pedido de Pilar, já que "não existem vestígios biológicos nem objetos pessoais sobre os quais se possa conduzir perícias pela Instituo Nacional de Toxicologia", revela o mesmo jornal espanhol.
De acordo com especialistas que participaram na exumação do artista surrealista, falecido em 1989, com 85 anos, os restos mortais embalsamados estavam bem conservados - a começar pelo seu característico bigode, que se mantinha intacto -- tendo sido retiradas amostras de cabelo, unhas, dentes e dos ossos.
Pilar Abel já se tinha submetido duas vezes a testes de paternidade, mas nunca conseguiu que os resultados lhe fossem entregues.
O primeiro teste foi feito num laboratório em San Sebastián de los Reyes (Madrid), em julho de 2007, com restos de pele e cabelos que estavam agarrados a uma máscara de gesso do pintor, que foi feita pouco depois de este morrer e chegou às mãos de Pilar Abel.
O segundo teste foi feito em Paris, em dezembro de 2007, no escritório de Robert Descharnes, colaborador e biógrafo de Dalí, para comparar amostras de ADN de Pilar com material genético do pintor que Descharnes tinha em sua posse.
O caso em tribunal era dirigido contra o Ministério das Finanças e Administração Pública e a Fundação Gala-Salvador Dalí, os herdeiros legais do património do artista.
