
Ovos. Na maioria são de aves, mas também há alguns de répteis. Podemos ver os tamanhos, a coloração, os feitios
Carolina Branco/Global Imagens
A Universidade do Porto inaugura esta tarde a Galeria da Biodiversidade, um espaço em que a ciência se dá a conhecer num ambiente que privilegia a estética.
É um espaço em que a ciência se mostra a par da arte e da literatura, da história ou da marca portuguesa no Mundo. Ali está Darwin, ali está Sophia. É que a galeria fica na Casa Andresen, no Jardim Botânico, onde a poetisa passou uma boa parte da infância. A abertura oficial, quando forem 17 horas, conta com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa.
No conto "Saga", em que descreve a quinta e a casa, Sophia de Mello Breyner refere-se ao grande átrio como o local onde poderia ser colocado o esqueleto de uma baleia que, durante anos, esteve guardado em caixotes numa cave da Universidade. O bicho era mesmo grande nos seus 15 metros e, hoje, é como se tivesse ouvido a história de Sophia e quisesse homenageá-la, pois está lá, devidamente instalado, a irromper do rés-do-chão.
É um pequeno grande pormenor a marcar o cuidado que foi posto na montagem da galeria. Proliferam instalações que apelam aos diversos sentidos, em espaços que são simples e amplos, arejados e dinâmicos. A forma como ali se aprecia a ciência obedece ao conceito de museologia total de Jorge Wagensberg, ou seja, ao recurso a metáforas e aforismos para representar fenómenos reais, privilegiando a estética.
"Não queremos que as pessoas fiquem assoberbadas com a pressão de terem de aprender alguma coisa. Este é um espaço para desfrutar, para se sentirem bem e para estimular a curiosidade", referiu ao JN Maria João Fonseca, diretora de comunicação do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, a grande estrutura museológica que está a ser reformulada (no edifício da Reitoria) e que tem nesta galeria o primeiro espaço a abrir ao público.
A mesma responsável sublinha que a Galeria da Biodiversidade é "o primeiro caso em Portugal em que um museu universitário estabelece diálogo com um centro de ciência viva". Embora possa ter como público-alvo o infantojuvenil, qualquer adulto irá perder-se nos pormenores ou nos jogos, como aquele em que é possível fotografar e transformar o nosso rosto, vendo-o depois projetado ao estilo colorido da obra "Marilyn diptych", de Andy Warhol.
Identificar cheiros, ouvir o bater do coração de uma baleia azul ou de um musaranho, escolher aquilo que se quer ver numa tela de projeção esférica, apreciar a forma como as diversas etnias se cruzaram ao longo dos tempos, sempre com um português à mistura, são apenas algumas das aventuras propostas pela galeria. O espaço pode ser visitado de terça-feira a domingo, entre as 10 e as 18 horas.
Curiosidades
Mal se passa o portão principal, o jardim apresenta a Árvore da Vida, uma grande roda metálica pousada no chão que é a representação gráfica da forma como os organismos se relacionam do ponto de vista evolutivo. Embora não pareça, é a primeira peça a ver na galeria.
Outra das curiosidades deste novo espaço: a artista francesa Élisabeth Daynès, especialista na reconstrução de hominídeos, é a autora da escultura de Charles Darwin. Ao lado, há uma cadeira vazia, para o caso de alguém querer fazer uma selfie com o pai da teoria da evolução.
Na galeria é igualmente possível conhecer o arquivo científico do biólogo britânico Desmond Morris, doado pelo próprio à Universidade do Porto. Dessa coleção faz parte o datiloscrito de "O macaco nu", obra publicada em 1967.
Depois da bilheteira, para começar a visita há que subir uma escada que lembra a hélice do ADN. É da autoria de Nuno Valentim, responsável pela reformulação arquitetónica do espaço.
