O Benfica anunciou, esta quarta-feira, que vai recorrer para o Tribunal Arbitral do Desporto da suspensão de dois meses aplicada a Luís Filipe Vieira, considerando que o acórdão do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol contém "erros graves".
Corpo do artigo
"No entendimento da Benfica SAD e do seu Presidente do Conselho de Administração, o acórdão do Conselho de Disciplina da FPF revela erros graves e notórios na apreciação da prova, valorizando quase em exclusivo o depoimento de uma das testemunhas em detrimento das demais arroladas quer pela própria acusação, quer pela defesa", pode ler-se no comunicado que o Benfica divulgou na sua página na internet.
O clube da Luz confia que "a anterior jurisprudência desse tribunal superior se confirme e se obtenha a anulação da decisão da Federação Portuguesa de Futebol" e denuncia que o acórdão do Conselho de Disciplina (CD) sancionou Luís Filipe Vieira com 60 dias de suspensão ainda que tenha dado "como não provadas as declarações iniciais que deram origem ao processo disciplinar".
O Benfica considera inaceitável que a valoração da prova "não se tenha detido na razão de ciência sobre a qual as testemunhas depuseram" e tenha entrado "no domínio da idoneidade das mesmas, ao ponto de considerar impossível e uma contradição lógica inultrapassável" a presença de duas testemunhas em simultâneo atrás do presidente da Benfica SAD numas escadas de acesso ao átrio da tribuna presidencial.
No comunicado, o presidente do Benfica reitera, agora publicamente, que "em nenhum momento proferiu quaisquer expressões injuriosas ou grosseiras, nem mesmo aquela -- a única, diga-se -- que sustenta a condenação vinda de referir, ou seja, a de que o árbitro do jogo em causa tinha roubado três penáltis ao Benfica na época passada" e confirma tão só que "questionou os critérios do Conselho de Arbitragem da FPF que haviam determinado a nomeação de tal árbitro".
http://www.jn.pt/desporto/interior/luis-filipe-vieira-suspenso-por-60-dias-5501558.html
Luís Filipe Viera faz notar ainda que as suas observações foram feitas "num espaço reservado, com urbanidade, sem qualquer grosseria ou gestos menos próprios, e fora do espaço público -- ao invés do que tem sido conduta dominante nos últimos tempos por parte de outros dirigentes".
"O acórdão do CD da FPF desvalorizou de todo -- e sem qualquer razão que o fundasse -- a circunstância pública e manifesta de o árbitro em causa ter sido reincidente numa atuação infeliz em mais um jogo em que foi interveniente a equipa do Benfica", lê-se no comunicado, recordando que o mesmo juiz foi avaliado negativamente com 2,5 e esta época com 7,9, notas que "traduzem em ambos os casos, segundo os critérios objetivos de avaliação, a existência de erros graves com influência no resultado".
Desta forma justifica o Benfica, no seu comunicado, a indignação de Luís Filipe Vieira e a razão exclusiva pela qual questionou o Vogal do Conselho de Arbitragem da FPF sobre os critérios da sua nomeação logo na segunda jornada da presente edição da Liga.
Ainda que se tenha "surpreendido e indignado" com o castigo que lhe foi aplicado, o presidente do Benfica saúda a celeridade com que a Comissão de Instrutores da Liga Portuguesa de Futebol Profissional e o CD da FPF trataram este processo e deseja "com veemência que esse princípio de atuação célere seja aplicado a todos os casos pendentes e para todas as ocorrências e declarações que todos os dias têm sido testemunhadas ou denunciadas na Liga".
A concluir, a Benfica SAD e o seu presidente dizem aguardar com a mesma serenidade e urbanidade até hoje invariavelmente demonstradas, que sejam proferidas decisões disciplinares -- quaisquer que elas sejam -- para as participações que efetuou a 30 de novembro de 2015, ao abrigo das quais se "denunciaram factos que podem consubstanciar infrações muito graves no plano do atentado à ética desportiva, da ofensa da honra e consideração do Benfica e de vários agentes desportivos intervenientes nas competições profissionais".
O presidente do Benfica foi punido pelo CD da FPF com 60 dias de suspensão e uma multa de 3445 euros na sequência de factos ocorridos após o jogo entre o Benfica e o Vitória de Setúbal, disputado a 21 de agosto último, correspondente à segunda jornada da I Liga.