O português mais medalhado dos Jogos Olímpicos chama-se Manuel Ramos, tem 56 anos e é o maior produtor mundial de caiaques
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. Mesmo que não goste de falar em medalhas ("quem as ganha são os atletas", como fez questão de sublinhar, ao JN, no último dia das provas de canoagem), a verdade é que as embarcações produzidas por este empresário de Vila de Conde estiveram na origem de 27 medalhas olímpicas, em 36 possíveis, ultrapassando os 25 pódios de Londres 2012.
É preciso recuar até finais da década de 1970 para se perceber o fenómeno de Nelo, como é conhecido o primeiro campeão nacional de canoagem. O passado como atleta levou-o a investir na construção de caiaques e a alargar o horizonte até ao mercado internacional. Começou pelo Reino Unido, hoje vende para mais de 100 países: "Só nos caiaques temos 90% das embarcações e no total de canoas e caiaques temos 82%. Isso reflete a nossa posição no mercado e nas equipas".
A primeira medalha olímpica chegou em Atlanta, seguiram-se cinco em Sydney, 14 em Atenas, quando passou a liderar o mercado, 20 em Pequim, 25 em Londres e agora 27 no Rio de Janeiro. "Temos modelos que compreendem um leque de atletas, desde os mais leves aos mais pesados, com amplitudes e técnicas diferenciadas. Em quase todos os barcos de alta competição são feitos ajustes para ajudar a melhorar performance". Esse é um segredo: adaptar as embarcações às características individuais dos desportistas. Para isso, até criou centros de treino, um deles na Aguieira, para os acompanhar e dar apoio técnico.
A empresa de Manuel Ramos produz quatro mil caiaques por ano, todos feitos com matéria plástica reforçada com fibra de carbono. Neste momento, está a fazer um trabalho em África, a nível de material e logística. Olhando para o feito alcançado no Rio de Janeiro, diz que "foi um resultado fantástico", mas isso aumenta-lhe a responsabilidade: "Não podemos gorar as expectativas". De superar a marca em Tóquio 2020.