
"Irmã" Isabel e o advogado da Fraternidade, Ernesto Salgado
JN
A Confederação Nacional dos Institutos Religiosos esclareceu, esta quinta-feira, que o caso de alegada escravidão em Famalicão não ocorreu num convento, mas numa associação de fiéis, pelo que nem as detidas são freiras nem as vítimas são noviças.
Na quarta-feira, três fundadoras da "Fraternidade Missionária Cristo Jovem" e um padre, atual dirigente, foram constituídos arguidos, depois de buscas da Polícia Judiciária, por suspeitas de maus-tratos, escravidão e cárcere a três raparigas, em princípio dadas como noviças - pessoas que se preparam para a sua consagração religiosa.
Fonte da Confederação dos Institutos Religiosos sublinhou, contudo, que as mulheres constituídas arguidas não são freiras, nem as mulheres mais novas, de onde partiu a queixa de maus-tratos, são noviças, já que a instituição não é uma congregação, não é um convento, mas sim uma associação de fiéis.
A Fraternidade Missionária Cristo Jovem não está, por isso, sob alçada da Confederação dos Institutos Religiosos, mas da Arquidiocese de Braga, assinalou a fonte à agência Lusa.
Esta tese é corroborada pelo padre jesuíta João Caniço que disse à Lusa que a Fraternidade Missionária Cristo Jovem é uma "sociedade apostólica", ou seja, um grupo de pessoas que se associaram para fazer uma "obra comum".
"Não pode ser considerada uma congregação, nem uma instituição religiosa porque não é reconhecida como tal pela Igreja Católica", frisou.
O sacerdote realçou que as mulheres que lá vivem não são freiras porque não têm voto religioso, mas sim "leigas consagradas" porque fizeram apenas voto de trabalhar segundo o espírito daquela instituição. "Autoproclamam-se irmãs porque trabalham na mesma obra e vivem um cristianismo muito profundo", considerou.
O espaço também não pode ser considerado um convento porque não vivem lá religiosas, sendo apenas a casa da instituição, entendeu.
Num comunicado, a Arquidiocese de Braga assumiu ter iniciado uma investigação interna à Fraternidade Missionária Cristo Jovem, de Famalicão, depois de em 2014 ter recebido queixas de "presumíveis anomalias" na vida diária da comunidade.
