
Mulher suspeita de ficar com dinheiro de investidores estrangeiros
Uma conceituada advogada lisboeta foi detida pela Polícia Judiciária por suspeitas de ter lucrado milhões de euros ao burlar uma dezena de cidadãos estrangeiros interessados em comprar residência em Portugal, para beneficiar dos vistos gold, uma autorização especial de residência entregue a investidores. O montante das burlas está, para já, avaliado em cerca de seis milhões de euros.
Maria Antónia Cameira, 59 anos, está indiciada por burla qualificada, falsificação de documentos e branqueamento. Concretamente, terá aliciado investidores milionários, oriundos da China, Macau, África do Sul e Brasil, a comprar luxuosas residências, ficando com o dinheiro.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, os clientes que entravam em contacto com a empresa "Cameiro Legal", especialista em "Business Immigration" até eram recebidos de forma "principesca", com direito a motorista no aeroporto e alojamento em bons hotéis. A advogada também publicitava o tratamento de todos os aspetos burocráticos juntos do SEF, necessários à obtenção da Autorização de Residência para Atividade de Investimento (ARI). Os clientes eram depois levados a visitar habitações de luxo à venda com preços nunca inferiores a 500 mil euros.
Há cerca de dois anos, vários interessados começaram a fazer transferência de avultadas verbas para a empresa da advogada a quem passaram procurações, confiando que esta iria adquirir as casas em nome deles. Mas a mulher terá ficado com os milhões, sem nunca prestar contas aos investidores. Aliás, algumas das residências terão sido "virtualmente vendidas" várias vezes a diferentes compradores.
As queixas contra a advogada começaram a cair na Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária que, ontem, deteve a mulher e realizou buscas a residências e no seu escritório. Com o dinheiro desviado, a advogada terá comprado imóveis e aberto várias contas bancárias, alegadamente na tentativa de branquear os valores. A arguida já tinha sido condenada à revelia, em Inglaterra, em outubro do ano passado, a seis anos de cadeia num caso de burla de mais de 300 mil euros, relativo à compra de um imóvel. Entretanto, terá liquidado a dívida e pedido novo julgamento.
