
Arquivo/JN
Homem que matou pais em Ílhavo vai ser libertado 17 anos depois.
O indivíduo que matou à facada os pais - ele médico, ela doméstica -, em Ílhavo, há 17 anos, está a estudar numa escola superior de Coimbra e é "um dos melhores alunos do seu curso", contou, sexta-feira, ao JN, o procurador que representa o Ministério Público no processo do arguido no Tribunal de Execução de Penas (TEP) de Coimbra.
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A atividade académica de António Jorge Machado (Tó Jó), de 40 anos, foi um dos fatores que levaram o TEP a decidir conceder-lhe a liberdade condicional a partir da próxima terça-feira, dia 7.
Desde que Tó Jó atingiu, em abril de 2016, os dois terços da sua pena de 25 anos de prisão, o TEP já não tinha de ponderar sobre o modo como a sociedade encararia a liberdade condicional do recluso, mas apenas sobre as condições pessoais e particulares deste homem para se reintegrar na sociedade. E aqui chegados, comenta o procurador do MP no processo, "já não havia condições para recusar a liberdade condicional".
"O indivíduo teve um percurso prisional absolutamente impecável e está a fazer um curso superior com excelente aproveitamento", justifica o magistrado, observando que, aos dois terços da pena, "já se verificavam aquelas condições", mas faltavam a Tó Jó contactos com o exterior. Desde então, já teve várias saídas, jurisdicionais e administrativas, sem registo de problemas.
Algumas dessas saídas serviram para Tó Jó fazer exames no Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra (antes fazia-os na cadeia), onde começou por frequentar Contabilidade e Auditoria e se transferiu para o novo curso da escola, "Marketing e Negócios Internacionais". "Está no segundo ano do curso e é um bom aluno, de 14-15", avalia o presidente do instituto, Manuel Castelo Branco, falando de um aluno "autodidata", que "denota força de vontade e inteligência".
Cá fora, Tó Jó vai ser acompanhado por técnicos da reinserção social e deverá continuar a estudar. Vai morar na casa de uma prima, em Coimbra.
