O Hospital de Portimão trocou os cadáveres de duas idosas, levando a que uma família fizesse o funeral errado.
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O hospital já reconheceu ter havido um "erro", mas ainda não sabe quando poderá libertar o corpo. A família vítima da troca está em choque, tanto mais que, durante o velório, foram manifestadas várias dúvidas sobre a identidade do cadáver, mas com a agência funerária a asseverar que estava tudo bem, uma vez que a identificação tinha sido feita pelo hospital.
Tudo começou há uma semana, no dia 11, quando Maria Teresa Carvalho, de 87 anos, deu entrada no Hospital de Portimão. Dois dias depois, a família recebia a notícia de que a idosa tinha falecido, devido a uma "infeção urinária". "Perguntámos à funerária se era preciso reconhecer o corpo, mas disseram-nos que não e que o funeral iria ser realizado no dia 15", contou ao JN Carla Soares, neta de Maria Teresa.
Carla e o marido, António Soares, a residirem em Casal de Cambra, Sintra, viajaram então para Portimão. Mas, no dia do velório, Carla diz que olhou para o corpo que estava no caixão e manifestou dúvidas ao agente funerário: "Disse-lhe que não parecia ser a minha avó". Mas ele respondeu que não podia haver erro. A identificação vinha do hospital.
Carla alega que fez notar que a "avó era mulher para 80 ou 90 quilos e a senhora que estava no caixão tinha aí metade". Mas o agente salientou que às vezes os corpos diminuíam muito de peso. Não convencida, apontou que a avó tinha os dentes todos e a idosa a quem era feito o velório tinha apenas três. Mas o argumento não convenceu e o velório continuou. No funeral, a família chorou a morte, mas sempre na dúvida.
No dia seguinte, veio a lamentável confirmação, com o hospital a ligar à família a explicar que tinha havido um erro. Afinal, o corpo de Maria Teresa tinha ficado na morgue e o que fora entregue era de uma outra pessoa. "Como é que isto é possível?", questiona Carla Soares.
Agora, a unidade de saúde de Portimão ainda não sabe quando poderá disponibilizar o corpo de Maria Teresa para o funeral. E se garante a cobertura da despesa com as cerimónias fúnebres, já não se compromete com as despesas de nova deslocação da família. "É uma posição imoral. Já não basta o que nos fizeram sofrer, como ainda se recusam a assumir responsabilidades", lamenta Carla.