Uma semana após os confrontos que causaram um ferido na praia do Tamariz, em Cascais, os banhistas parecem já ter recuperado do susto, mas ficam em sobressalto ao mínimo ruído. Ontem, o PNR manifestou-se de forma discreta e não houve incidentes.
A maioria dos banhistas não deixou de frequentar o Tamariz, quem gere negócios na praia só quer esquecer o passado para que o areal não faça mais manchetes nos jornais. E todos esperam que o reforço do policiamento tenha vindo para ficar e que não seja um impulso de momento.
“Dizem que fazem muita coisa, mas nunca se faz nada. É tudo espectáculo, as medidas tomadas pelo governo e estas manifestações”, desabafou um gerente de um dos restaurantes da praia, referindo-se ao protesto organizado ontem pelo Partido Nacional Renovador (PNR), que foi ao Tamariz reclamar mais segurança.
Maria Mourão, que há três anos vende gelados no Tamariz, testemunhou os confrontos ocorridos há uma semana, mas, ainda assim, garante que não ficou com medo. “Eles fazem as confusões e fogem logo, mas tenho clientes que disseram que nunca mais viriam a esta praia e, de facto, nunca mais os vi por cá”, relatou.
Alguns dos banhistas confessam que ao mínimo barulho, ficam em sobressalto, mas a maioria não pensa deixar de frequentar o Tamariz. “Medo de vir para aqui, eu? Já fui assaltada no supermercado, outra vez foi em plena via pública, na Avenida de Roma (Lisboa) e já tive uma faca apontada ao pescoço quando estava numa camioneta a caminho de Caneças. Assaltos e desacatos há em qualquer lado”, argumentou, por sua vez, Neia Fonseca, uma banhista que já frequenta o Tamariz há cerca de 50 anos.
“Basta de Criminalidade” e “Exigimos segurança na nossa terra”, foram os slogans utilizados pelo PNR no protesto de ontem, que juntou cerca de duas dezenas de apoiantes com bandeiras do partido e de Portugal.
“Os portugueses não podem ser corridos das suas praias. Portugal é um paraíso para os criminosos e um inferno para os portugueses”, sublinhou José Pinto Coelho, o líder do partido durante a acção de protesto, acompanhado de perto pela Polícia.
A maioria dos banhistas reagiu de forma indiferente à acção do PNR. Foram poucas as manifestações directas de apoio e também poucos os insultos, mas Tomás Taylor garante que foi ofendido por banhistas. “Chamaram-me branco de merda e racista. Mas eu não sou racista, sou nacionalista”, frisou o apoiante do PNR.
Nuno Carvalhana, um dos membros do partido acabou por chamar “escumalha” a quem proferiu os insultos e a acção de protesto terminou, pouco tempo depois, sem outros incidentes.
Antes de abandonar o Tamariz, José Pinto Coelho voltou ontem a reiterar a ideia de que o protesto não teve qualquer intenção provocatória. “Provocação é haver tiros nas praias e as pessoas não poderem estar descansadas com a família”, sublinhou.
