O principal chefe militar polaco demitiu-se, sexta-feira, na que é a demissão mais recente de uma série de outras de dirigentes das Forças Armadas, que acontecem quanto os EUA e a NATO estão a deslocar tropas para o país.
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As resignações surpreendentes de vários chefes militares ao longo do último ano abalaram o Governo de direita polaco, que está a enfrentar fortes críticas, tanto internas quanto externas, a propósito de várias e controversas reformas.
"Estou a acabar os meus deveres enquanto chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Polacas. Em 31 de janeiro de 2017 acabo o serviço militar profissional e despeço-me do meu uniforme", escreveu o general Mieczyslaw Gocul, numa declaração escrita divulgada no sítio do Estado-Maior na Internet.
A agência noticiosa polaca, PAP, informou que o seu substituto ainda não era conhecido, mas pode vir a ser o seu adjunto, general Michal Sikora, se ninguém for nomeado até ao final deste mês.
Rumores sobre a demissão de Gocul começaram a circular em dezembro, depois da saída do tenente-general Miroslaw Rozanski, que reformou a cadeia de comando, e do brigadeiro-general Adam Duda, que era responsável pelas compras de armas.
A decisão de Rozanski de concentrar na cadeia de comando os ramos Exército, força aera, marinha e tropas especiais, que pretendia dar capacidade de planeamento estratégica ao Estado-Maior, foi fortemente criticada pelo partido governamental Lei e Justiça (PiS, na sigla em Polaco).
A imprensa local tem especulado que as demissões poderiam ser um protesto contra a forma como o ministro da Defesa, Antoni Macierewicz, que está em cruzada pela erradicação de todos os vestígios da era comunista, está a gerir as Forças Armadas.
Os generais saíram em contexto de tensões acrescidas com a Federação Russa.
No verão passado, os líderes da NATO apoiaram planos para uma rotação de tropas na Polónia e nos três Estados bálticos, para os tranquilizar que não seriam deixados ao abandono, se a Federação Russa fosse tentada a repetir nestes países a sua intervenção na Ucrânia.
O Pentágono enviou um brigada blindada, com 3.500 homens e material pesado, para a Polónia.
Esta operação desencadeou uma reação furiosa por parte dos dirigentes de Moscovo, com o Kremlin a descrevê-la como uma "ameaça às suas portas".