O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, sensibilizou os seus apoiantes para uma "rebelião" caso a oposição consiga tomar a sede do governo, o Palácio de Miraflores.
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A recolha de assinaturas para a revogação do mandato e a crise económica levaram ao endurecimento do discurso.
"Sou o presidente mais atacado pelos Estados Unidos. Amo a paz, mas se a oligarquia disser algo contra mim e conseguir tomar este palácio, ordeno-vos a vocês, homens da classe operária, que se declarem em rebelião e façam greve por tempo indeterminado até se alcançar a vitória", afirmou em Caracas, junto ao Palácio de Miraflores.
"Não descanso até que faça a revolução bolivariana vencer os novos desafios. Se não acaba a guerra económica faço uma revolução no continente. Estou preparado, o meu destino está nas mãos do povo. O povo não me deixará sozinho", sublinhou.
O aumento do salário mínimo não chegou para calar a contestação. O fecho dos serviços públicos, com ordens para abrir só à segunda e terça- feiras, com o argumento da poupança de energia, caiu mal entre a população.
"Algumas zonas do país estão sete a oito horas sem luz. A situação está insustentável. O nosso maior receio é que estejamos a caminhar para a guerra civil. O momento é grave", afirmou, à agência Lusa, a conselheira das comunidades portuguesas na Venezuela, Maria de Lurdes Traça.
Preocupado pelo agudizar da crise económica e política, o Papa Francisco escreveu a Nicolás Maduro. O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, não revelou o conteúdo da carta, mas foi dizendo que o Papa "segue com atenção" os acontecimentos na Venezuela.
A vertiginosa queda do preço do petróleo, o principal sustento do país, continua a criar sérios problemas. Revoltada com a atual presidência, a oposição, a Mesa de Unidade Democrática (MUD), mostra-se bastante ativa e já recolheu mais de um milhão de assinaturas para a realização de um referendo com o intuito de revogar o mandato de Maduro.
Enquanto o presidente venezuelano alega que a poupança de energia tem a ver com o fenómeno climático "El Niño", a MUD contraria esta explicação e rebate o argumento, ao salientar que o Governo preparou-se mal para o "El Niño", ao apostar em políticas expansionistas, com sobrecarga na exploração energética.
As estimativas do Fundo Monetário Internacional, FMI, são pessimistas. O produto interno bruto, PIB, deverá cair 8% em 2017. A taxa de desemprego deverá crescer 17% este ano e 20% no próximo. A inflação acompanhará esta tendência, com níveis preocupantes.
