
Protestos de "Quarta-feira negra" para dizer "basta" à violência contra as mulheres
Marcos Brindicci /REUTERS
Lucia Perez tinha 16 anos e morreu na sequência da violação de que foi vítima em Mar del Plata, Argentina.
Ativistas de 50 organizações apelaram às mulheres na Argentina para, esta quarta-feira, fazerem uma hora de greve depois da violação brutal e morte da jovem Lucia Perez. Para Buenos Aires foi convocada uma marcha e em várias cidades do país estavam previstas vigílias em homenagem à vítima.
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O caso remonta a 8 de outubro. Dois homens deixaram Lucia Perez num hospital dizendo que estava a sofrer uma overdose de drogas. Mas os médicos que examinaram a jovem verificaram que tinha sido vítima de uma violação sexual extrema. Morreu pouco depois.
Matias Farias, de 23 anos, e Juan Pablo Offidani, de 41, estão indiciados pela morte. Um terceiro suspeito foi detido por tentar encobrir o crime.
A acusação refere que a jovem foi drogada com grande quantidade de marijuana e cocaína antes da violação. Um objeto foi introduzido no ânus, causando uma dor tão severa à jovem que ela entrou em paragem cardíaca.
"Sei que não é muito profissional dizer isto, mas sou mãe e mulher e já vi muito ao longo da minha carreira mas nunca vi nada igual a esta série de atos abomináveis", declarou a procuradora Maria Isabel Sanchez.
A mãe de Lucia disse à Imprensa que "é impossível compreender esta barbárie". E o pai acrescentou: "A maneira como a mataram é desumana".
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Na sequência deste caso, a violência contra as mulheres saltou para a ordem do dia na Argentina, país onde, em média, morre uma vítima de violência doméstica a cada 36 horas. São mais de 200 mulheres mortas por ano.
Para dizer "Basta", ativistas pelos direitos humanos e das mulheres apelaram às argentinas para se vestirem de preto nesta "Quarta-feira Negra" (como denominaram o dia de protestos) e deixarem os seus postos de trabalho às 12 horas, durante uma hora.
Mais tarde, dezenas de milhar de pessoas marcharam nas ruas, apesar da chuva. O irmão de Lucia, Matias de 19 anos, escreveu no Facebook que sair para a rua e protestar é a única maneira para prevenir "que centenas de outras Lucias" sejam mortas.
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E entre os participantes estiveram muitos familiares de outras vítimas. "Cada menina que matam é um novo pontapé no peito", confessou Mónica Cid, mãe de Micaela Ortega, assassinada em abril, com 12 anos, por um homem que a atraiu pela rede social Facebook.
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O "grito" de revolta estendeu-se a outros países, como México, Bolívia e Brasil. As imagens foram sendo divulgadas no Twitter com a "hastag" (palavra chave) #NiUnaMenos (nem mais uma vítima, em tradução livre).
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No início do ano, o presidente Mauricio Macri anunciou um pacote de medidas para tentar combater a violência contra as mulheres, nomeadamente a identificação eletrónica dos agressores e a criação de uma rede de abrigo para as vítimas.
