
Mário Nunes terá ingressado no YPG, uma milícia que combate o Estado Islâmico
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Mário Nunes, o militar português que desertara da Força Aérea para se alistar numa milícia curda de combate ao autoproclamado Estado Islâmico, terá sido morto por jiadistas na Síria.
Mário Nunes, o militar português que desertara da Força Aérea para se alistar numa milícia curda de combate ao autoproclamado Estado Islâmico, terá sido morto pelos jiadistas. Um familiar próximo contactou ontem a Secretaria de Estados das Comunidades Portuguesas (SEC), dando a confirmação do falecimento do jovem, notícia que terá recebido da própria organização a que Mário pertencia. E solicitando ajuda na documentação de trasladação.
O militar, que era natural de Portalegre e tinha agora 22 anos, desertou a Base Aérea 11, em Beja, fevereiro do ano passado, para viajar para o Curdistão. O próprio dera conta, na sua página de Facebook, de que se alistara nas Unidades de Proteção Popular (YGP, na sigla curda), uma milícia armada que luta contra o "Estado Islâmico" e contra o regime sírio de Bashar al-Assad. Mário estivera em 2014 na Turquia e no Iraque, de onde trouxera, tatuada num braço, a inscrição "morte aos americanos", alegadamente para "despistar" a verdade: era contra o islamismo.
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Meses depois, quando o jornal satírico francês "Charlie Hebdo" foi alvo de um atentado, manifestara revolta contra os islamitas e ameaçara que "um dia os matava a todos", contou na altura um colega ao JN. Em entrevista à Visão, Mário dissera então ser preferível "morrer a não fazer nada".
A notícia da sua morte só ontem foi oficialmente confirmada por um tio, que solicitou o apoio do Governo português para trazer o corpo de Mário para Portugal. Segundo fonte da SEC, o soldado vai ser transportado da Síria, onde morreu, para o aeroporto internacional de Sulaymaniyah, no Iraque. A trasladação só será possível depois da emissão de uma certidão de óbito na Síria, com a qual as autoridades portuguesas, através do Consulado de Nicósia (Chipre) e da Embaixada de Portugal em Abu Dhabi, poderão passar um certificado. "A família suportará as despesas e diz que não quer ir ao local reconhecer o corpo", adiantou a mesma fonte.
A morte de Mário Nunes gerou uma onda de consternação nas redes sociais, tendo sido já posta a circular uma petição online para a atribuição da Ordem da Liberdade ao militar português. "Cremos que Mário Nunes não só não é um traidor como é merecedor do reconhecimento e do louvor nacional", lê-se na petição, que adianta que aquela condecoração distingue "serviços relevantes prestados em defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e à causa da liberdade".
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