
Grafíti defensor do "Brexit" na cidade de Leamington Spa, Reino Unido
Russell Boyce/Reuters
A OCDE e meia centena de multinacionais europeias alertam para os perigos da vitória do "Brexit" no referendo do próximo dia 23.
A eventual saída do Reino Unido da União Europeia (UE) - o "Brexit" vai a referendo no próximo dia 23, com duas recentíssimas sondagens a dar-lhe a vitória - está a deixar diversas sensibilidades às portas da apoplexia. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e 50 grupos empresariais europeus membros do European Round Table of Industrialists que o digam. E Portugal também não está tranquilo...
A confirmar-se, a saída iria gerar ondas de choque na economia global, com custos significativos para Reino Unido, Europa e resto do Mundo, refere a OCDE, cuja economista-chefe, Catherine Mann, sustenta que "as repercussões poderiam ser significativas em relação a vários países". "Temos muitos dados acerca do que significaria uma "aterragem de emergência" na China. Aqui, trata-se de algo semelhante", acrescenta.
Segundo a OCDE, em caso de "Brexit", a economia do Reino Unido baixaria 1,5% em 2018. Ao mesmo tempo, a economia irlandesa desceria 1,25%, a da zona euro 1% e a dos países da OCDE sofreria uma descida um pouco acima de 0,5%.
"Negativo para Portugal"
Por seu lado, as 50 multinacionais europeias - entre as quais a Sonae - apelam à coesão e alertam para os perigos da saída. "Longe de estimular [a economia], o desmembramento do mercado único e das regras aplicáveis aos 28 países vai diminuir o desenvolvimento económico. No que respeita aos cidadãos britânicos, estamos convencidos de que uma Europa sem o Reino Unido vai ser mais fraca, assim como o Reino Unido pode ficar mais fraco sem a Europa".
O documento é subscrito, entre outras, pela Air Liquide, Grupo Vodafone, Telefónica, Sonae, Royal Dutch Shell, BASF, Nestlé, Rolls Royce, F. Hoffmann-La Roche, Iberdrola, Inditex, Rio Tinto, Volvo, Siemens e o grupo BMW.
Já o ministro da Economia português, Manuel Caldeira Cabral, considerou esta quarta-feira, na sede da OCDE, em Paris - onde participou no Fórum e na reunião ministerial do Conselho da organização -, que "a saída do Reino Unido é um fator negativo" para o conjunto dos Estados-membros e "é, certamente, negativo para Portugal". O governante sublinhou que há "muitos portugueses a residir no Reino Unido" e que se trata de "um parceiro económico importante". "É nosso desejo que o Reino Unido decida continuar a trabalhar com a UE e dentro da UE."
E a preocupação do ministro tem mais do que razão de ser, pois, segundo um estudo da empresa de seguros de crédito Euler Hermes, a saída do Reino Unido penalizará o PIB de Portugal em 0,3 pontos percentuais entre 2017 e 2019 e fará o país perder 300 milhões de euros em exportações.
