
Jorge Amaral / Global Imagens
O livro "O Nosso Reino", de Valter Hugo Mãe, será retirado da lista de leituras recomendadas a alunos do 3.º ciclo, devido a linguagem sexual.
A notícia é avançada pelo jornal "I", acrescentando que um protesto de pais de alunos do 8.º ano do Liceu Pedro Nunes, em Lisboa, terá estado na base da decisão do Ministério da Educação.
A escolha foi contestada por pais. E não só: entre a equipa de peritos do Plano Nacional de Leitura, que selecionam as obras, também há quem discorde desta recomendação para alunos desta idade.
Rui Marques Veloso, professor na Escola Superior de Educação de Coimbra, não concorda que se recomende este livro a alunos do 3.º Ciclo. O docente faz parte da equipa de peritos, mas esta decisão não passou por si, pois os livros são distribuídos pelos peritos que confiam nas escolhas de cada um. "Por vezes a seleção é debatida quando se levantam dúvidas. Não foi o caso", revelou, frisando estar "solidário com a equipa".
A obra é recomendada para leitura autónoma no 3.º Ciclo, o que significa que não é indicada para trabalho em sala de aula. "É uma opção do professor e da escola", frisa tanto o professor como o comissário do PNL. Fernando Pinto do Amaral admite que o livro tem passagens "fortes" para alunos de 13 ou 14 anos, mas lembra que a "criação literária é livre". "Literariamente, é um livro bastante interessante, de um autor premiado".
O livro relata a história de um menino de oito anos no final do Estado Novo, num contexto de repressão sexual e religiosa alterado pelo 25 de Abril. Foi indicado a alunos do 8.º ano para leitura durante as férias do Natal. De acordo com o "Expresso", a direção da secundária justificou a escolha "com o facto de Valter Hugo Mãe ser um autor reconhecido pela sua obra" e "escolhido por especialistas". Houve pais que proibiram a leitura do livro, outros que riscaram frases da obra.
O JN tentou, sem sucesso, ouvir o autor. Ao "Expresso", disse não se lembrar de o livro "ser assim tão escabroso e explícito" e remete para pais e professores a decisão de o livro ser ou não adequado para adolescentes. "Não me ocorre ter usado uma perversão tão grande que represente a morte do Pai Natal".
