
Especialistas chamam a atenção para a importância da escola nestas situações
A afirmação pessoal e os desvios na formação ética podem estar na origem de vídeos como o da agressão ao menor, em Almada, publicado esta quinta-feira, de acordo com a opinião de dois especialistas.
As imagens da violenta agressão que um menor de Almada sofreu em novembro tornaram-se públicas esta quinta-feira. No vídeo pode ver-se um rapaz a ser atacado por um grupo de jovens com murros e pontapés na cabeça. As imagens tornaram-se virais nas redes sociais e são mais um caso de cenas de violência que vão parar às redes sociais, gravadas muitas vezes pelos próprios agressores.
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"Muitas vezes os agressores publicitam este tipo de vídeos como uma forma de afirmação pessoal entre pares", explicou, ao JN, Pedro Morgado, psiquiatra e professor na Escola de Medicina na Universidade do Minho. O especialista chama ainda a atenção para a possibilidade dos agressores já terem sido vítimas de violência anteriormente. "Estes comportamentos podem indiciar uma estruturação desajustada da sua personalidade", refere.
Já para Pedro Monteiro, do Colégio de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Ordem dos Médicos, este tipo de vídeos revela "o prazer que os agressores têm de exibir os seus atos". O médico chama ainda a atenção para "as dinâmicas de grupo muito negativas entre jovens que se potenciam nos comportamentos agressivos".
Os dois especialistas concordam na importância da prevenção para evitar que este tipo de situações se tornem recorrentes. "A sociedade precisa de se organizar na promoção de comportamentos não violentos e na denúncia e contenção de situações de bullying", defende Pedro Morgado.
Uma posição partilhada por Pedro Monteiro que destaca o papel que as escolas devem ter neste tipo de processos: "É necessário que a escola tenha um papel mais importante criando atividades de promoção de comportamentos positivos e de entreajuda nos alunos, desmotivando as rivalidades doentias".
