Pois é. Somos campeões europeus de futebol, tivemos um sem número de medalhas nos campeonatos europeus de atletismo e até no hóquei em patins, modalidade dominada basicamente por três países, fomos campeões europeus.
Se estes argumentos valessem junto dos corações duros dos comissários europeus, Portugal não estaria no perigo das dantescas sanções que podem valer zero. Se os objetivos desportivos foram alcançados, porque não cumpriríamos o que prometemos à Europa em matéria de défice em 2016 e até em 2017?
António Costa tem de aprender com Fernando Santos: "Só saio de Bruxelas em setembro". Ou seja, quando o Conselho Europeu se reunir para decidir as sanções ao país.
Em matéria orçamental, o jogo de Portugal pode não estar a ser bonito mas, por enquanto, está a ser eficaz mesmo que à tangente, seja no défice ou no défice estrutural. As previsões mais pessimistas do défice português este ano estão ainda bem longe dos 3% permitidos pela Comissão. Será interessante é analisar como vamos lá chegar.
Diz a Esquerda que a austeridade acabou. Duvido. O Governo apenas dá (e pouco) nos impostos diretos e tira (e muito) nos impostos indiretos. A juntar a isto as queixas cada vez mais frequentes dos privados de atrasos nos pagamentos do Estado na Saúde e na Educação.
É assim que poderemos cumprir o défice de 2015. Existem dois nomes para esta estratégia: austeridade e "chutar para a frente" à espera que a realidade internacional mude. E por muito que o Governo e os partidos que o apoiam joguem à defesa, Portugal precisa de um milagre. Um Éder que salte do banco e marque golos no crescimento do investimento e no aumento das exportações.
Aliás, na carta enviada ontem pelo Governo à Comissão Europeia não existe nenhuma referência às políticas de investimento e aumento das exportações, a única forma de "engordar" o Produto Interno Bruto (PIB), tornar mais fáceis as metas a que nos comprometemos e a fazer crescer a riqueza do país.
O que a carta diz claramente é que haverá mais austeridade, mais contenção na despesa pública e uma fé de que o ambiente externo melhore significativamente, principalmente em Angola e no Brasil. Está-se mesmo a ver. Nem em 2020.
Cá para mim, António Costa está a fazer tempo para que, terminados os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, existam ainda mais argumentos para dirimir nos corredores de Bruxelas...
* EDITOR-EXECUTIVO
