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A democracia é um simples instrumento, o mais adequado e a melhor forma de governar um Estado, ou a pior à excepção de todas as demais, como disse Winston Churchill de forma irónica.
Representação, divisão de poderes e pluralismo são os princípios indispensáveis que configuram a democracia. A partidocracia e o populismo tornam estes princípios vulneráveis, corrompem-na e pervertem-na.
A partidocracia desvirtua a divisão de poderes e impede o controlo entre os diferentes órgãos do Estado. A democracia interna nos partidos é fugaz e o poder está concentrado nos grandes partidos.
Hoje, a democracia é uma democracia de partidos e não de indivíduos independentes.
O Estado deve estar ao serviço dos interesses gerais e não dos partidos. A administração central e local são ocupadas pelas clientelas partidárias.
Estas administrações são quem concedem permissões, subvenções às empresas, associações e particulares. Outorgam licenças e subsidiam os meios de comunicação audiovisual.
Deste modo, os partidos põem a sociedade ao seu serviço, em lugar de estarem ao serviço da sociedade. A partidocracia é uma forma degenerada de democracia porque viola o princípio da divisão de poderes e da igualdade de oportunidades.
A solução está em regenerar e reformar democraticamente os partidos e o seu modo de funcionamento. Uma reforma que respeite os princípios: uma boa democracia representativa, uma verdadeira igualdade de oportunidades e uma divisão de poderes, complementada pelo sentido de tolerância.
Tolerar aponta uma ideia de democracia forte: quem tolera tem convicções profundas e quem sabe tolerar admite que a sua opinião está sujeita a discussão e não degenerar em dogma ou preconceito.
O sonho da opinião categórica em democracia é imaginário. Não há verdades absolutas.
Os partidos têm que se adaptar à realidade em cada momento e em cada circunstância.
Actualmente, a política não está dividida entre Esquerda e Direita, mas antes, entre a abertura e mudança e o situacionismo e o imobilismo.
É necessário puxar os cidadãos que nunca tiveram um compromisso político. Os partidos estão ancorados em divisões e no seu próprio controlo que perdem a noção da realidade.
A endogamia e a estreiteza de horizontes levam a que os partidos dediquem mais tempo a falar dos seus problemas do que dos problemas dos cidadãos.
As bases de um partido são a sua razão de ser, todavia os partidos são estruturas presidencialistas onde a voz dos militantes não conta.
FUNDADOR DO CLUBE DOS PENSADORES
O autor escreve segundo a antiga ortografia