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As férias permitem o descanso de verdade, cultivar a reflexão e o pensamento. Veio-me à ideia a falta de paciência que tenho para com determinado tipo de pessoas, e não tenho problema em passar um dia a falar o estritamente necessário. A melhor companhia é um bom livro, boa música, um ou outro programa na televisão e Internet para consulta de assuntos que aprecio. Por outro lado, com a idade constato que cada vez falo com menos gente.
José Micard Teixeira, terapeuta e "life coach", escreveu um texto - "O que acontece depois dos 40" - em que retrata como estou a ficar com a idade.
O referido texto realça a falta de paciência, evitar pessoas altivas, pretensiosas e desonestas. A repulsa pela falta de lealdade e traição.
Não tenho pachorra para aturar determinado tipo de pessoas e situações que acho que são uma perda de tempo. Na minha idade, já não vivo outro tanto. Daí ser selectivo nas minhas relações e escolher muito bem para onde vou e com quem vou.
Algumas pessoas acham-me antipático e dizem: "Lá vem ele", "Tem a mania", "Há coisas que não se podem dizer", "És agressivo", etc., etc.. Quero lá saber do que dizem! Pois bem, eu limito-me a querer ser feliz, e para isso não tenho que me dar com toda a gente. Aliás, acho que é assim que as pessoas se distinguem. Não sou ninguém mas evito pessoas de que não gosto, me irritam e procuro viver em paz. Não tenho pachorra para gente invejosa que tudo critica e nada faz, que chega ao ponto de ter inveja de quem está bem-disposto e dá uma boa gargalhada. Não tenho pachorra para gente que só se auto-elogia, quer falar da sua vida e do que tem. Não tolero determinados políticos que se julgam uma casta superior. Não tolero novos-ricos, mas também não tenho paciência para antigos-ricos que vivem de um passado que já não existe. Não tolero novos-ricos intelectuais, que por tirarem um curso superior julgam-se mais de quem não tem uma licenciatura (estou à vontade, sou licenciado em Biologia). Não tolero professores da universidade, julgam-se num púlpito e classe à parte. Já não tenho paciência e idade para aturar estes bacocos, neste país que não passa da mediania, até nas relações humanas e inter-pares. A paciência, pachorra e fleuma perdia para com este tipo de gente. Respondo a esta gente que pensa que o Mundo gira em seu redor com indiferença. Não há pachorra!
O autor escreve segundo a antiga ortografia.
* FUNDADOR DO CLUBE DOS PENSADORES