É frequente vermos governos interromperem projetos e iniciativas em curso, lançados por antecessores. Em algumas situações, tais atitudes são levadas a cabo sem terem em conta qualquer avaliação ou justificação lógica ou até ideológica. A verdade é que, ao longo dos últimos anos, fruto de tais decisões, fomos perdendo oportunidades e desperdiçando recursos.
Recuemos a 2008. Enquanto que Steve Balmer, na altura presidente da Microsoft, a propósito do projeto Magalhães, considerava Portugal como "um exemplo para o Mundo" e "uma excelente oportunidade de negócios para Portugal", outros no nosso próprio país faziam tudo para que essa iniciativa fosse votada ao insucesso. Não se pensava nos alunos, nos professores, nas famílias, nas escolas (públicas ou privadas), nas empresas portuguesas. O interesse de alguns era destruir.
Claro que mal chegaram ao poder, trataram de imediato de acabar com o projeto, sem avaliar, sem acrescentar valor, sem qualquer preocupação em corrigir o que estava a correr menos bem num projeto inovador e de tão significativa envergadura. Escolheram um ministro que de Educação nada sabia e que, basicamente, governou por instinto, sem olhar para o mundo nem para as salas de aula. Crato trucidou o projeto simplesmente porque sim! E isso foi, talvez, um dos maiores erros que já se cometeram em Portugal no setor da Educação nos últimos tempos!
Sabemos agora que a JP Sá Couto (atual JP-IK), a tecnológica que criou o "Magalhães" com base na plataforma da Intel, garantiu os direitos exclusivos sobre o pacote de software educativo da própria Intel, o que, na prática, quer dizer que esta empresa portuguesa não baixou os braços perante a irresponsabilidade de alguns. O programa e-escolinha foi exportado para fortalecer dezenas de outros países nos seus programas educativos e o sucesso desta estratégia convenceu a própria Intel!
Romper com o passado traz sempre consequências. Mas nem sempre são negativas! Por isso, é importante que a atual equipa governativa rompa com o passado recente e recupere o projeto de 2008, potenciando o que de positivo foi conseguido e corrigindo o que não correu bem. A boa notícia é que não teremos de começar do "zero"!
DOUTORADO EM TECNOLOGIAS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
