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Um traço marcante da evolução do país nas últimas décadas tem sido a melhoria muito significativa do setor dos serviços de saúde. O Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem desempenhado um papel decisivo neste progresso. Os recursos afetos têm aumentado, permitindo alargar a cobertura dos serviços. O SNS tem acompanhado a evolução tecnológica e científica registada nestes domínios, melhorando a qualidade e a eficácia dos serviços prestados. Têm sido implementadas reformas importantes no seu modelo de gestão, permitindo alcançar padrões de maior eficiência no uso dos recursos disponíveis e melhorar os vários indicadores de desempenho das unidades de saúde. Acima de tudo importa o efeito deste progresso no bem-estar da população: a esperança de vida tem aumentado e a redução da taxa de mortalidade infantil é exemplar à escala mundial.
As dificuldades financeiras do país obrigaram à adoção de políticas de corte de despesa. Os cortes cegos e transversais efetuados nas administrações públicas têm exigido dos profissionais de saúde sacrifícios enormes que implicaram mesmo a degradação da sua situação profissional. As restrições impostas incentivaram muitos profissionais a abandonarem os serviços públicos de saúde, fragilizando a sua capacidade de oferta e comprometendo seriamente a sua sustentabilidade.
É neste contexto que ganham relevo especial os resultados de dois estudos sobre a qualidade dos hospitais divulgados esta semana. Ambos colocam os hospitais do Norte do país no topo dos rankings elaborados. Em especial, o Centro Hospitalar do Norte (Hospital de Santo António) e o Hospital de S. João, foram considerados os melhores do país. Estes resultados evidenciam claramente que os profissionais de saúde, apesar das dificuldades enfrentadas, têm revelado um elevado sentido de responsabilidade e profissionalismo, não desistindo de prestar aos utentes cuidados de saúde de qualidade. São por isso credores do nosso reconhecimento.
Nota final: De acordo com o Instituto Nacional de Estatística os 4,9 mil milhões de euros injetados no Novo Banco contam para o défice de 2014, que passa a ser de 7,2% do PIB em vez dos anunciados 4,5%. O primeiro-ministro Passos Coelho desvalorizou o facto afirmando que "trata-se apenas de um reporte estatístico". Em 2011 o INE fez algo de semelhante considerando o BPN e o BPP no défice de 2010. Nessa altura, o ex-ministro deste Governo Miguel Macedo, então líder parlamentar do PSD, afirmou que lhe apetecia dizer "que ainda está para nascer em Portugal um primeiro-ministro que tivesse enganado tanto os portugueses".