Numa tremenda demonstração de inocência da minha parte, certamente ainda influenciado pelo bom e fraterno espírito natalício, vou acreditar que 2016 será melhor. Talvez não seja inocência, talvez seja mesmo necessidade. Eis a minha (levemente utópica) lista de desejos.
- Que não haja mais nenhum banco para salvar. Já não temos dinheiro. Já não temos paciência. Já começa a ser altura de o Estado lhes ensinar o caminho para a maioridade.
- Que não morram mais portugueses por falta de assistência num hospital público. Seja nos confins do território, seja na pujante capital. Mas que se promova, com a serenidade desejável, uma discussão séria sobre os limites do Serviço Nacional de Saúde. O que pagamos por ele, o que podemos pagar por ele. Que resposta devemos esperar. Que não se perca a noção de que os recursos financeiros não são inesgotáveis. Mas que se tenha sempre presente que o valor das vidas humanas não é equiparável ao do PSI-20.
- Que a justiça deixe de querer fazer política e que a política deixe de querer ser justiceira.
- Que se dê mais valor aos professores, para se dar mais valor aos alunos. E à escola.
- Que se consiga travar a sangria do desemprego. Cada desempregado a menos é uma vitória.
- Que não nos prometam o que não nos podem dar. Depois do caminho percorrido, já ninguém acredita na via fácil para o sucesso. O país precisa de ter mais dinheiro no bolso, precisa rapidamente de começar a pagar menos impostos, mas não precisa mesmo que lhe aumentem a fatura a pagar daqui a uns anos.
- Que o Parlamento não vire um campo de batalha verbal inconsequente. Que não se permita mais nenhuma crise política. Que haja mais Portugal e menos umbigo.
- Que metade desta lista levemente utópica se cumpra. Que não nos amputem a esperança. Que reforcemos o orgulho no nosso valor coletivo. Que sejamos felizes. Para daqui a um ano estarmos de novo aqui. A pedir mais.
