Quase metade dos jovens portugueses com 13 anos já consome álcool. Esta é uma das conclusões de um estudo apresentado no XIX Encontro das Taipas, que terminou ontem, em Lisboa.
A pesquisa, realizada no âmbito de um estudo europeu sobre álcool e outras drogas, o "European School Project on Alcohol and Drugs", refere que 47% dos adolescentes em Portugal com 13 anos consomem álcool, dos quais um em cada quatro prefere bebidas destiladas à cerveja ou ao vinho. Apenas 12% dos jovens nesta idade bebem cerveja e 8% ingerem vinho.
O número de jovens que consomem álcool vai aumentando consoante as idades 60% dos adolescentes com 14 anos ingerem bebidas alcoólicas, subindo para os 70% nos jovens com 15 anos. A percentagem cresce para os 80% quando se trata de pessoas com 16 anos e chega aos 90% quando atingem os 17 anos.
Segundo o estudo, 7% dos jovens entrevistados com 13 anos já se embebedaram. Mas a percentagem aumenta substancialmente quando se trata de jovens com18 anos. Metade dos adolescentes nesta idade admitem que se embebedam.
Por outro lado, 5% dos rapazes e 4% das raparigas com 13 anos admitem que precisam de três a quatro bebidas para se embebadarem. Com o passar dos anos, apenas os rapazes acreditam que precisam de aumentar as doses de álcool para ficarem etilizados.
Fernanda Feijão, autora do estudo que se realizou em 600 escolas do país e abrangeu 18 mil jovens, disse que o consumo de álcool nos rapazes é mais elevado do que nas raparigas. 13% dos rapazes com 18 anos dizem que precisam de mais de dez bebidas para se embriagarem. Salientou que, "ao contrário das raparigas, que são muito mais comedidas, os rapazes a partir dos 16 anos acham-se muito valentões e por isso crêem que precisam de mais de dez bebidas".
Fátima Ismail, presidente da Sociedade Portuguesa de Alcoologia, disse ao JN que "os dados apresentados não revelam nenhuma novidade". Afirmou que os jovens que consomem álcool em excesso não o fazem porque têm uma dependência mas sim porque é socialmente bem aceite.
Chamou a atenção para a desvalorização que os pais atribuem ao facto de os filhos "aparecerem de vez em quando embriagados". "É fundamental sensibilizar as famílias que as bebedeiras frequentes nos jovens são tão graves como o consumo de drogas ilegais", salientou ainda a especialista.
Fátima Ismail atribuiu a culpa deste comportamento dos adolescentes à sociedade "demasiado permissiva". Acredita que "a mudança de comportamentos é possível" e que a escola pode dar um grande contributo na educação dos jovens sobre os malefícios do álcool.
A especialista não está alarmada com os dados apresentados, mas afirmou que, "quanto mais precoce for o hábito de consumir álcool, mais fácil será para as pessoas ficarem alcoólicas".
